Forças israelitas avançam em Rafah após bombardeamento intenso

Testemunhos dão conta de movimentações militares, numa altura em que mais de um milhão de pessoas já terá deixado a cidade no Sul da Faixa de Gaza.

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Edifício destruído pelos bombardeamentos israelitas em Rafah Hatem Khaled / REUTERS
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Carros de combate israelitas avançaram para perto de um bairro no coração de Rafah, no que habitantes descrevem como uma das noites de bombardeamentos mais intensos desde o início na operação em partes da cidade no Sul da Faixa de Gaza, que começou neste mês.

Segundo o diário Jerusalem Post, em duas semanas as forças israelitas conseguiram que se retirassem de Rafah quase um milhão de pessoas.

A retirada de pessoas para um local em que pudessem encontrar infra-estruturas de apoio e alguma segurança tem sido repetidamente mencionada pelos Estados Unidos, que dizem não apoiar uma incursão terrestre na cidade para onde foram a maioria das pessoas deslocadas de outros locais da Faixa de Gaza sem que fossem garantidas condições a quem saísse.

Os EUA diziam que para uma saída para um local com condições seriam precisos vários meses; Israel discordava. A zona humanitária designada por Israel não tem quaisquer infra-estruturas de apoio, desde rede de água até instalações sanitárias.

Israel diz que tem de levar a cabo uma incursão terrestre em Rafah, a única cidade da Faixa de Gaza onde não houve ainda uma operação terrestre, para o objectivo de “derrotar o Hamas”, já que, argumenta, o movimento tem ainda quatro batalhões na cidade.

Segundo informação dos serviços secretos dos EUA citada pelo diário Politico, Israel matou entre 30 a 35% de combatentes do Hamas (que eram membros do movimento antes dos ataques de 7 de Outubro), e 65% dos seus túneis ainda estarão intactos.

Incursão em Jenin

O número de palestinianos mortos na incursão militar israelita em Jenin, no norte da Cisjordânia ocupada, subiu esta quarta-feira para nove, além de cerca de 30 feridos, segundo informou o Ministério da Saúde palestiniano.

Nas últimas horas, Sami Al Qaisi, de 18 anos, foi morto “por balas da ocupação” e Jihad Muhammad Talib, de 38 anos, foi morto de madrugada, depois de sete palestinianos terem sido mortos terça-feira no norte da Cisjordânia, reduto do movimento das milícias palestinianas.

O ataque continuou esta quarta-feira, mais de 24 horas depois de ter começado, na manhã de terça-feira, disse um porta-voz militar à agência noticiosa espanhola EFE.

Entre os mortos de terça-feira encontravam-se dois rapazes de 15 e 16 anos, bem como o chefe do departamento de cirurgia do hospital governamental de Jenin, um professor e um estudante de 22 anos.

“Os militares confiscaram equipamento militar e encontraram explosivos colocados nas estradas para atacar as tropas durante a operação”, informou o Exército israelita num comunicado, acrescentando que a ofensiva está a ser realizada em cooperação com a Polícia de Fronteiras e o Serviço de Informações Internas de Israel.

Além disso, prossegue o comunicado israelita, os soldados “eliminaram” dois milicianos palestinianos “que lançaram explosivos contra as tropas”, entre outros atacantes.

A Cisjordânia ocupada está a viver a maior espiral de violência desde a Segunda Intifada (2000-05) e, até agora, em 2024, pelo menos 188 palestinianos foram mortos por fogo israelita, a maioria dos quais alegados milicianos ou atacantes, mas também civis, incluindo mais de 30 menores, segundo uma contagem da EFE.

Do lado israelita, dez pessoas foram mortas em 2024 em oito ataques palestinianos, incluindo quatro militares e seis civis, entre os quais três colonos.

O ano de 2023 foi o mais mortífero em duas décadas, com mais de 520 mortos, mas após o ataque do Hamas de 7 de Outubro de 2023, o exército israelita intensificou as suas incursões, agora frequentes, na Cisjordânia ocupada e, desde então, 515 palestinianos foram mortos pelas tropas e uma dúzia de colonos.

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