Como nos julgarão e a quem teremos de fazer reparações?

Compete-nos sermos juízes deste tão complexo e inquietante passado, que tantas vezes não compreendemos se não ignoramos?

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“Trabalho mais para que não se pervertam os brancos do que para a conversão dos negros.” Quem o escreveu foi o bispo do Brasil em 1552. Que leitor associaria o vocábulo “negros” a autóctones do Brasil? Assim eram denominadas as pessoas originárias da América, entre as quais, como o bispo bem sabia, muitas eram escravizadas por portugueses. Por 1530, aliás, os vigários e capelães que a Coroa portuguesa enviava para o que viria ser a primeira diocese na América Portuguesa recebiam como pagamento 15.000 cruzados e duas pessoas africanas escravizadas. Os clérigos da Igreja ultramarina também eram mantidos através das receitas da Coroa com o comércio de escravos, as quais eram conspícuas. Em 1506, reinando D. Manuel I, quando o império português se estendia por vários continentes ligados pelo Atlântico e pelo Índico, cerca de 25% do total da receita da Coroa resultava do comércio da feitoria da Mina (no atual Gana), onde o tráfico de humanos escravizados era dominante.

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