Assembleia Geral da ONU concede novos direitos à Palestina e apoia adesão plena

Resolução aprovada na Assembleia Geral das Nações Unidas apela ao Conselho de Segurança que reconsidere favoravelmente o seu pedido de adesão plena à organização.

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O projecto de resolução obteve 143 votos a favor, incluindo o de Portugal Eduardo Munoz / REUTERS
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A Assembleia Geral da ONU aprovou esta sexta-feira, com apoio esmagador de 143 países, uma resolução que concede “direitos e privilégios adicionais” à Palestina e apela ao Conselho de Segurança que reconsidere favoravelmente o seu pedido de adesão plena à organização.

O projecto de resolução, apresentado pelos Emirados Árabes Unidos em representação do Grupo de Países Árabes, e co-patrocinado por cerca de 40 países, obteve 143 votos a favor – incluindo de Portugal , nove contra e 25 abstenções dos 193 Estados-membros da ONU.

Votaram contra este texto países como Israel, Estados Unidos ou Hungria e entre os países que se abstiveram estão Ucrânia, Itália, Reino Unido, Alemanha ou Canadá.

"A Assembleia Geral determina que o Estado da Palestina está qualificado para ser membro da ONU em conformidade com o artigo 4.º da Carta das Nações Unidas e deve, portanto, ser admitido como membro das Nações Unidas", sustenta a resolução.

O texto pede também ao secretário-geral da ONU, António Guterres, "que tome as medidas necessárias para implementar a presente resolução".

Entre os novos direitos concedidos aos palestinianos nesta resolução estão o seu assento entre os Estados-membros por ordem alfabética, a apresentação de propostas individualmente ou em nome de um grupo perante a Assembleia Geral, a solicitação do direito de resposta, fazer declarações ou solicitar modificações na agenda, entre outros.

A resolução pede ainda que os direitos reivindicados para a Palestina e que representam uma melhoria no seu estatuto de Estado observador sejam considerados "uma excepção e não tomados como um precedente".

"O Estado da Palestina, na sua qualidade de Estado observador, não tem o direito de votar na Assembleia Geral ou de apresentar a sua candidatura aos órgãos das Nações Unidas", frisa a resolução.

Antes da votação, os Estados Unidos, aliado de Israel, já haviam anunciado que iriam votar contra a resolução, tendo instado os restantes Estados-membros a fazerem o mesmo.

"Os esforços para fazer avançar esta resolução não mudam a realidade de que a Autoridade Palestiniana não cumpre actualmente os critérios para adesão à ONU ao abrigo da Carta da ONU", indicou, antes da votação, o porta-voz da missão dos Estados Unidos junto da ONU, Nate Evans.

O porta-voz alertou que caso o pedido de adesão palestiniano seja reenviado ao Conselho de Segurança da ONU, será esperado um "resultado semelhante ao que ocorreu em Abril", quando Washington vetou o projecto.

A propósito desta votação, o alto representante para a Política Externa e de Segurança da União Europeia, Josep Borrell, disse na véspera que vários países europeus, incluindo Espanha, Irlanda e Eslovénia, iriam reconhecer formalmente o Estado da Palestina no dia 21 deste mês.

Ouvido nesta quarta-feira na comissão de Assuntos Europeus da Assembleia da República, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, afirmara já o voto favorável de Portugal na ONU, mas não quis responder sobre a possibilidade de Portugal integrar este grupo de países que vão avançar para o reconhecimento: “Quanto ao reconhecimento formal, quanto a esse acto solene formal, nós estamos sempre em avaliação. E, portanto, não dissemos que vamos fazer, mas também não dissemos que não o faremos”, declarou Rangel.

*com Reuters

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