1.º de Maio: 200 detidos em Istambul, tensão em Paris

Festejos do Dia do Trabalhador marcados pela violência na cidade turca. Na capital francesa, a polícia dispersou um grupo de “radicais”.

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Confrontos entre a polícia e manifestantes no 1.º de Maio em Istambul TOLGA BOZOGLU / EPA
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A polícia turca deteve esta quarta-feira cerca de 200 pessoas durante protestos do Dia do Trabalhador em Istambul, recorrendo a gás lacrimogéneo para dispersar um grupo de manifestantes que tentou romper um cordão policial próximo da praça Taksim.

As autoridades pediram aos manifestantes que evitassem qualquer acção que pudesse violar a ordem pública, tendo estes arremessado garrafas de plástico e outros objectos contra as forças de segurança, de acordo com relatos da televisão NTV.

O Governo local proibiu as manifestações do Dia do Trabalhador na zona central de Taksim, no distrito de Saraçhane, bloqueando todos os acessos à praça e interrompendo a circulação em cerca de 70 ruas, bem como na estrada principal.

Cerca de 42 mil polícias foram mobilizados no âmbito de uma grande operação de segurança, uma vez que o 1.º de Maio é um dia que, historicamente, se registam vários distúrbios e protestos.

O Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, dirigiu-se à nação numa mensagem transmitida pela televisão estatal em que enviou “saudações e todo o seu carinho aos trabalhadores turcos”.

O 1.º de Maio é um dia importante na história da Turquia. Em 1977, meio milhão de pessoas participaram num protesto que foi duramente reprimido pelas forças de segurança. Segundo os números oficiais, 37 pessoas morreram nesse dia em Taksim, onde se registaram tiroteios e a polícia de choque usou gás lacrimogéneo e canhões de água.

Tensão em Paris

Nos festejos do 1.º Maio em Paris, onde, segundo a central sindical CGT, participam 50 mil pessoas, registaram-se momentos de tensão no início do desfile, com montras de lojas e uma paragem de autocarro a serem vandalizadas.

Segundo uma fonte policial, citada pelo canal France 24, um grupo de cerca de 4500 pessoas, incluindo “várias centenas” de radicais, formou-se no início da manifestação, na Praça da República, tendo sido dispersada pela polícia, que usou gás lacrimogéneo.

Pelo menos 45 pessoas foram detidas e registaram-se pelo menos 12 feridos, entre polícias e gendarmes. Vários manifestantes atiraram pedras contra a polícia parisiense. O eurodeputado francês Raphael Glucksmann, que encabeça a lista socialista gaulesa às eleições europeias, foi impedido de participar no desfile do 1.º de Maio, depois de dezenas de activistas lhe terem atirado tinta e gritado insultos.

O primeiro-ministro francês, Gabriel Attal, condenou imediatamente os actos de violência, referindo que a política pode, por vezes, “ser uma luta no sentido nobre do termo, mas deve ser sempre conduzida com respeito pela integridade dos indivíduos”.

Segundo dados do Ministério do Interior, cerca de 121 mil pessoas saíram às ruas em toda a França, enquanto a CGT indicou que 210 mil manifestantes participaram nas marchas programadas em cidades como Lyon, Marselha ou Nice.

Na Alemanha, cerca de 30 pessoas ficaram feridas quando um carro alegórico do desfile do 1.º de Maio se virou perto da cidade alemã de Freiburg im Breisgau (Sudoeste), informou a polícia local.

Em Atenas, centenas de trabalhadores gregos marcharam pelo centro da capital para exigir aumentos salariais que aproximariam os seus salários da média europeia e para protestar contra a guerra em Gaza. Os navios permaneceram atracados nos portos gregos e os serviços de autocarros e metro na capital foram interrompidos, uma vez que os trabalhadores dos transportes aderiram a uma greve de 24 horas convocada pelos maiores sindicatos gregos do sector privado e público para o Dia do Trabalhador.

Muitos dos manifestantes que se reuniram pacificamente em frente aos edifícios do Parlamento grego empunhavam bandeiras palestinianas e deixaram voar balões no céu em solidariedade com os palestinianos em Gaza.

“É nosso dever não esquecer este genocídio, como o Dia do Trabalhador exige”, disse à Reuters Marianna Tsagari, 48 anos, que se juntou à manifestação.

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