Japão está a reciclar as fraldas usadas dos bebés — e a vendê-las aos idosos

Com cada vez menos nascimentos registados no Japão, as empresas de fraldas estão a adaptar-se. Uma delas optou pela “reciclagem horizontal” de fraldas de bebés usadas.

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Japão está a reciclar as fraldas usadas dos bebés — e a vendê-las aos idosos Pexels/ RDNE
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É uma consequência da demografia. O Japão tem uma das populações mais envelhecidas do mundo e foi a pensar nos mais velhos que uma empresa de produtos de higiene do país decidiu reformular o processo de fabrico: passou a reutilizar as fraldas já utilizadas em bebés e a colocá-las novamente à venda para a terceira idade. Tudo isto, depois de serem desinfectadas e eliminados os odores, claro.

Segundo a Unicharm, fabricante da cidade de Kagoshima, na ilha de Kyushu, no Sul do país, este é o primeiro processo de “reciclagem horizontal” de fraldas no mundo — isto quer dizer que o produto é reutilizado e não transformado, escreve o Guardian.

Em comunicado, Tsutomu Kido, director da empresa, salientou que as fraldas recicladas foram aprovadas por especialistas no que toca à higiene e que, antes de serem utilizadas nos idosos, passam por um processo de limpeza com vários passos.

No primeiro passo, lê-se no site, são desidratadas, esmagadas em pequenos pedaços, lavadas e os materiais são separados. Depois, através de uma tecnologia de esterilização, branqueamento e desodorização com ozono, as bactérias são eliminadas. O produto é feito à base de polpa de madeira, plástico e polímero superabsorvente que garante a absorção da urina. São materiais que, segundo a empresa, podem ser “utilizados repetidamente”.

“Os clientes que usaram estes produtos disseram que eram confortáveis ​​e que não pareciam diferentes das [fraldas] normais”, afirmou Tsutomu Kido.

As fraldas foram colocadas à venda este mês, mas apenas nos centros comerciais da ilha de Kyushu. No entanto, já estão a ser utilizadas desde 2022, ano em que começaram a ser produzidas, em hospitais e enfermarias de duas províncias de Kagoshima que não têm aterros para depositar as fraldas descartáveis.

Segundo o diário britânico, que não revela valores, os produtos reciclados são mais caros do que os descartáveis.

Em 2023 nasceram 758.631 bebés no Japão, menos 5,1% do que em 2022. É também o menor número registado desde o século XIX, escreve a BBC, acrescentando que na década de 1970, nasciam mais de dois milhões de crianças por ano neste país.

Por tudo isto, a Unicharm não é a única empresa japonesa a repensar os produtos de higiene que fabrica para dar resposta ao envelhecimento da população.

Em Março, a Oji Holdings, que fabrica produtos higiénicos e outros à base de papel, anunciou que vai deixar de produzir fraldas para bebés já este ano tendo em conta a queda da procura e, em vez disso, vai aumentar a produção deste mesmo produto para a população idosa.

Esta não é uma questão apenas no Japão. A taxa de natalidade também tem diminuído em Singapura, Taiwan, Coreia do Sul e China, que está a oferecer incentivos aos mais jovens, como lotarias para recém-casados, na tentativa de combater o problema.

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