Governo quer reformular o sistema de agendamento de vistos

Em Cabo Verde, o primeiro-ministro Luís Montenegro promete novidades num prazo máximo de dois meses.

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O primeiro-ministro Luís Montenegro na cidade na Praia, a cumprir a sua primeira visita oficial fora da Europa ELTON MONTEIRO/Lusa
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O Governo pretende reformular o sistema de agendamento de vistos para acabar com as dificuldades em ter vagas que se verificam em vários serviços consulares, anunciou este domingo o primeiro-ministro em Cabo Verde, onde cumpriu a sua primeira visita oficial fora da Europa.

"Vamos agilizar esse processo tomando algumas medidas para o normalizar" e "impedir o aproveitamento que hoje existe de algumas redes" que açambarcam e cobram a quem quer emigrar para Portugal. "Vamos nas próximas semanas fazer um esforço grande e, não querendo estar a ser demasiado optimista, espero que num prazo máximo de dois meses possa haver novidades capazes de normalizar essa situação", referiu.

José Cesário, secretário de Estado das Comunidades detalhou que "o modelo vai ser mudado" para os vistos nacionais, sendo que o actual agendamento online "não vai acabar, vai continuar até haver condições tecnológicas, nomeadamente através da adopção de novos mecanismos de reconhecimento facial".

"Cometeu-se um erro gravíssimo que foi adoptar esse modelo de agendamento como princípio e isso originou a situação caótica que vivemos hoje. Nós, agora, iremos introduzindo progressivamente mudanças como através do envio dos processos por correio, utilização do telefone ou email", ou seja, formas já testadas, mas cada qual no seu local.

"Há várias formas de fazer isto, repito, estão testadas em vários sítios, dão resultado, hoje, mesmo no passado e há apenas que as adaptar à realidade local", referiu o secretário de Estado.

O tema já tinha estado na agenda de sábado, no encontro entre Montenegro e o seu homólogo cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, e as novidades foram avançadas este domingo, depois de Luís Montenegro ter sido abordado na rua por um cabo-verdiano que lhe pediu para manter as fronteiras abertas, porque há pessoas como ele que querem trabalhar e pensam em Portugal como um destino. "Abra as fronteiras. Se tiverem alguma fechada, abra essa fronteira porque queremos trabalhar. Não siga o André Ventura", líder do Chega, "siga a sua ideologia, o seu pensamento", referiu.

"Os cabo-verdianos seguem muito de perto a política portuguesa e estão muito bem informados sobre o conteúdo dos programas, das políticas que estão a ser desenhadas pelo novo Governo, o que é bom", disse Luís Montenegro aos jornalistas.

"Reconheço a validade das palavras que me foram dirigidas por um cidadão cabo-verdiano", disse, acreditando que "estava implícita também a mensagem: queremos dignidade, queremos regulamentação para podermos ter um bom acolhimento e integração."

"É preciso que as pessoas sejam tratadas com toda a dignidade. Além do interesse que nós temos em ter recursos humanos" é preciso que "haja acesso à habitação, a todos os direitos laborais, saúde, educação" e ouros serviços, disse, reiterando declarações feitas na véspera.

No que toca à referência à nova composição parlamentar portuguesa, Montenegro leva o comentário escutado na rua como um reconhecimento "da firmeza no compromisso estabelecido antes das eleições". "E naquilo que foi, depois, a minha postura depois das eleições. Além da espuma dos dias" e de "uma certa bolha político-mediática, há um povo" que "analisa" o que se passa, concluiu.

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