As Luas de Joana Alegre vão levá-la em Julho ao mesmo palco de Patti Smith

O novo álbum de Joana Alegre, Luas, trouxe-lhe bom augúrio: vai apresentá-lo ao vivo no Festival Jardins do Marquês, em Oeiras, em Julho, antes de subir ao palco Patti Smith.

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Joana Alegre LUÍS S. TAVARES
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Foi anunciado por fases, como por fases vamos vendo a Lua. E é precisamente esse o nome do novo álbum de Joana Alegre, Luas, o seu terceiro, sucessor de Joan & The White Harts (2016) e Centro (2021). Com oito canções, as primeiras foram reveladas ainda em 2023: em Abril, em single e videoclipe, seguindo-se-lhe Ciclotímica (Junho), Rosa carne (Julho) e Copo cheio, com Mikkel Solnado (Setembro). E em 2024, antes do lançamento do disco, foram publicadas Lógica astral e Desdita, ambas em Março. A completar o álbum há mais duas canções em dueto: Início, com Emmy Curl, e Perfeita, com Elisa Rodrigues. A cada uma destas canções corresponde uma fase lunar, seja principal ou intermédia. E o álbum trouxe-lhe bom augúrio, porque vai apresentá-lo ao vivo no dia 7 de Julho no Festival Jardins do Marquês, em Oeiras, no mesmo palco e imediatamente antes da anunciada (e esperada) actuação de Patti Smith.

“Desde pequena que ouço as coisas da Patti Smith”, diz Joana Alegre ao PÚBLICO. “E ao longo da vida tornou-se uma referência de como ser artista, sendo mulher, criativa, trazendo sempre a poesia para outras fronteiras, com ligação a outras formas de arte.” É, por isso, com grande orgulho e expectativa que Joana aguarda o dia desse concerto. Quanto ao seu novo disco, se o anterior, Centro (com produção de Luísa Sobral), quis sublinhar o papel da música na sua vida, Luas é um álbum de afirmação. “Do ponto de vista do conceito e da mensagem”, diz, “Luas espelha uma fase de desacerto e desse ponto de vista é mais dinâmico. Tem canções mais tristes, canções mais pop, mais alegres, mais épicas (como o Rosa carne, o Desdita ou o ), mas o tom geral é de agitação, isto para não o conotar só com coisas negativas.”

E é também um álbum de afirmação, acrescenta: “Já estou na música, mas há questionamento, agitação, angústia. E a vontade de fazer mais e melhor permanece. Há também a afirmação de sermos cíclicos, de termos fases, e na conjuntura actual, onde estamos a experimentar um retrocesso a todos os níveis, não só com as guerras mas também com o retroceder de alguns direitos, liberdades e garantias que pensávamos muito consolidados mas que vemos ameaçados por novos extremismos, alguns não tão novos assim, mas com novas roupagens. E a emergência climática também provoca aqui uma espécie de apocalipse iminente.”

O período em que o álbum é criado e depois lançado é, por isso, relevante no modo de criação e na forma final que ele assume. “Sou apologista de fazer corresponder cada álbum à fase criativa do seu tempo”, diz Joana Alegre. “Dá-me prazer, do ponto de vista criativo, trabalhar o conceito, porque não me sinto tão confortável se estiver simplesmente a juntar um conjunto de canções num álbum e não lhe dar uma coerência ou uma mensagem forte.”

Já a publicação faseada, com videoclipes, foi propositada, para ir criando expectativa quanto a este trabalho e pela importância dada à imagem. “A parte visual para mim é muito importante”, explica. “Para reflectir aquilo que a música me transmitia. Estive muito presente na criação desses vídeos, mas tive a ajuda do Pedro Ivan e do Luís Água, uma dupla imbatível. Criámos estes vídeos com poucos recursos mas muita dedicação e respeito pela mensagem que queríamos transmitir.”

A produção, desta vez, foi entregue a Choro (Miguel Laureano). Por razões que a cantora explica: “Percebi que, para este álbum, tinha de ter uma componente electrónica mais forte. Sempre tive vontade de explorar esse formato, desde que não distanciasse a canção a ponto de a tornar irreconhecível. E foi o Mikkel Solnado que me falou no Miguel Laureano, que tem o nome artístico de Choro, como sendo um produtor que tem uma linguagem muito ecléctica, também tem linguagem de músico, instrumentista, com muita cultura musical.”

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A capa do disco

Fez uma sessão experimental de trabalho com ele, com o tema , e achou que era “uma escolha certeira”: “Criámos todo aquele arranjo meio orquestral, mas que se percebe que é uma canção criada a guitarra e voz, com um cunho ligado ao canto livre e de intervenção, mas que depois assume aquela estética mais barroco-pop que eu também procurava afirmar mais neste álbum. Gostei muito de trabalhar com o Choro e o resultado final seria impossível sem a capacidade dele.” No disco, colaboram também músicos que a acompanham nos concertos e que Joana Alegre (que aqui canta, toca guitarra, ukelele e faz também os coros) considera os elementos “mais nucleares” da sua formação: Emiliana Silva (violino) e Vicente Palma (piano).

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