Britânicos mais jovens podem vir a ser proibidos de fumar

Legislação proposta por Rishi Sunak prevê que as crianças nascidas a partir de 2009 sejam legalmente impedidas de comprar tabaco. Deputados conservadores dividiram-se numa primeira votação.

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Kate Moss a fumar — tempos que já lá vão Luke MacGregor/REUTERS

O plano do primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, de proibir qualquer pessoa com 15 anos ou menos de comprar cigarros foi aprovado em primeira votação parlamentar esta terça-feira, 16 de Abril, embora dezenas de deputados do seu próprio partido tenham votado contra.

O plano de Sunak, que impõe algumas das mais restritivas normas antitabaco do mundo, irritou alguns membros do Partido Conservador, incluindo os antigos primeiros-ministros Liz Truss e Boris Johnson, que afirmam que o Estado não deve interferir na forma como as pessoas vivem as suas vidas.

O projecto de lei foi aprovado no Parlamento britânico por 383 votos a favor e 67 contra, o que significa que passará à fase seguinte, na qual poderá ser sujeito a alterações.

Os deputados tiveram liberdade de voto. Na Nova Zelândia, uma lei semelhante foi revogada este ano pelo novo Governo de coligação, antes de a legislação entrar em vigor.

A secretária para os Negócios e Comércio, Kemi Badenoch, esteve entre os 57 deputados conservadores que votaram contra o plano. A escala da dissensão na bancada foi mais um golpe para Sunak, que já enfrentou críticas no seu partido sobre questões que vão desde as alterações climáticas à política de defesa.

Esta legislação é uma das principais bandeiras políticas de Sunak, a caminho das eleições do final do ano, que, segundo as sondagens, serão ganhas pelo Partido Trabalhista, na oposição.

O projecto de lei sobre o tabaco visa impedir que as crianças nascidas a partir de 2009 possam comprar tabaco legalmente, em vez de criminalizar o hábito. Sunak prometeu combater "a maior causa totalmente evitável de doença, incapacidade e morte".

Apoio público

Cerca de 6,4 milhões de pessoas eram fumadoras no Reino Unido em 2022, segundo as estatísticas oficiais. Este número corresponde a cerca de 13% da população adulta.

Trata-se de um valor muito inferior ao de outros países europeus, como Itália, Alemanha e França, onde entre 18% e 23% dos adultos fumam, de acordo com os dados da OCDE.

A proibição é fortemente apoiada por especialistas de saúde e por instituições de solidariedade social, que afirmam que o tabagismo causa 80 mil mortes por ano e muitas mais doenças.

As sondagens do YouGov também demonstram que a proibição de fumar é popular, com um terço dos eleitores a apoiar a abordagem faseada, 30% a apoiar uma proibição para todos ao mesmo tempo e apenas um quarto a dizer que não deveria haver qualquer proibição.

O plano de Sunak fez descer o preço das acções de empresas como a Imperial Brands, fabricante de cigarros L&B, para a qual o Reino Unido é um dos principais mercados.

Esta e outras empresas de tabaco, como a British American Tobacco, fabricante dos Dunhill, criticaram a proposta de proibição, afirmando que poderia alimentar o comércio no mercado negro e que seria difícil de aplicar.

A ministra dos Comércio, Badenoch, disse que não era fumadora e que concordava com as intenções de Sunak, mas disse opor-se por estar preocupada com o seu impacto nos direitos das pessoas e com a dificuldade de aplicar a norma.

"Não devemos tratar os adultos legalmente competentes de forma diferente desta maneira, em que pessoas nascidas com um dia de diferença terão direitos permanentemente diferentes", disse ela na plataforma social X.

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