Prestação da casa ainda vai aumentar para contratos com taxa a 12 meses

Os empréstimos associados à Euribor a 12 meses a rever em Abril ainda vão sofrer aumentos nas prestações. Nos contratos com taxas a três e a seis meses, volta a haver quedas ligeiras.

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A prestação da casa volta a aumentar para quem tem contratos com taxa Euribor a 12 meses Manuel Roberto
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Ainda não será no próximo mês que as famílias com contratos de crédito à habitação indexados à Euribor a 12 meses, que abrange a maior fatia dos empréstimos com taxas variáveis, vão ver uma redução da prestação da casa. Para aquelas que tenham uma revisão da prestação a ocorrer em Abril, e à semelhança do que já aconteceu em Março, só haverá reduções ligeiras para aquelas que têm taxas a três e a seis meses.

Não houve uma tendência definida no mês que agora acaba, com todos os prazos a apresentarem comportamentos diferentes. A média da Euribor a três meses (que, de acordo com os dados mais recentes do Banco de Portugal, abrange perto de 24% dos contratos de crédito à habitação com taxa variável) fixou-se em 3,923% em Março, o mesmo valor que já tinha sido verificado no mês anterior. Já a taxa a seis meses (à qual estão indexados 36% dos contratos com taxa variável) registou uma variação quase inexpressiva, mas ainda assim favorável para quem tem crédito à habitação, ao reduzir-se em 0,0057 pontos percentuais, fixando-se numa média de 3,8948% em Março.

A Euribor a 12 meses, por outro lado, que abrange a maior fatia dos contratos de crédito com taxa variável (mais de 37%), voltou a aumentar. Depois das quedas que foram registadas no final do ano passado e ainda em Janeiro, a taxa neste prazo voltou a subir em Fevereiro e o mesmo aconteceu no mês que agora acaba, com a média a fixar-se em 3,718% em Março, uma subida de 0,047 pontos percentuais em relação ao mês anterior.

A variação das prestações não é feita, contudo, com base na diferença entre as taxas apuradas a cada mês, mas sim com base nos valores verificados aquando da última revisão. Esse processo de revisão ocorre a cada três, seis ou 12 meses, conforme a taxa contratada.

E, assim, quem tem empréstimos indexados à Euribor a três meses ou a seis meses e que passe agora por uma revisão dos contratos terá direito a ligeiras reduções da prestação. Simulando para um empréstimo de 150 mil euros, a 30 anos, com um spread de 1%, a rever em Abril e associado à Euribor a três meses, a prestação mensal deverá ficar nos 798,21 euros, uma redução de 1,04 euros em relação a Janeiro, quando terá ocorrido a última revisão destes contratos, de acordo com os cálculos feitos pela Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor –​ Deco para o PÚBLICO.

Com os mesmos pressupostos, mas considerando a taxa Euribor a seis meses, a prestação deverá rondar os 804,41 euros por mês, uma redução de 2,70 euros em relação ao momento em que foi feita a última revisão, em Outubro do ano passado.

Nos contratos com taxa Euribor a 12 meses, por outro lado, o cenário ainda é de subidas. Fazendo nova simulação com os mesmos pressupostos, mas com a taxa a 12 meses, a prestação deverá ficar nos 779,58 euros por mês, um aumento de 17,44 euros em relação a Abril do ano passado, quando estes contratos foram revistos pela última vez.

Os próximos meses poderão, ainda assim, trazer notícias mais animadoras para quem tem de suportar crédito à habitação. A expectativa dos mercados é de que o Banco Central Europeu (BCE) venha a decidir baixar as taxas de juro de referência em Junho, numa altura em que a inflação tem vindo a baixar de forma mais prolongada durante este ano. Em Fevereiro, a inflação na zona euro já estava nos 2,6%, muito abaixo dos 8,5% que se registavam no mesmo mês do ano passado.

A própria presidente do BCE, Christine Lagarde, não afasta esta hipótese, tendo já afirmado que, em Junho, serão conhecidos dados relevantes sobre a inflação e a evolução dos salários e lucros das empresas que permitirão ao banco central decidir sobre o rumo dos juros. Por esta altura, a taxa de juro de referência do BCE permanece, desde Setembro do ano passado, em 4%.

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