Saldo positivo com o exterior iguala máximo de 2013

Com as exportações a ajudarem e as contas públicas com um saldo positivo, a capacidade líquida de financiamento do país face ao exterior voltou, em 2023, a terreno positivo.

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Turismo tem ajudado a manter equlibradas as contas externas do país Paulo Pimenta
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Não foi só no Estado que, em 2023, Portugal registou excedentes recordes. O saldo do país com o exterior foi também positivo no ano passado, igualando o valor máximo das últimas décadas que o país tinha atingido em 2013, quando a política de forte austeridade imposta pela troika tinha levado a uma queda a pique do consumo, do investimento e das importações.

Desta vez, as importações não estão a cair, de acordo com os dados das contas nacionais publicados esta segunda-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), mas a capacidade líquida de financiamento da economia portuguesa, que mostra o saldo do país com o exterior, foi positiva num valor equivalente a 2,6% do PIB.

É o regresso a um valor positivo neste indicador, depois do saldo de -0,4% do PIB registado em 2022, e representa o excedente externo mais elevado que é possível encontrar na série do INE iniciada em 1995, a par do ano de 2013, em que a capacidade líquida de financiamento se situou também em 2,6% do PIB.

Há dez anos, a melhoria do saldo das contas externas portuguesas foi feita de forma abrupta. De um défice de 9% em 2010, passou-se para um excedente logo em 2012, que foi depois reforçado em 2013. A correcção foi o resultado de uma forte contenção do consumo das famílias e do investimento das famílias, algo que, para além de levar a uma recessão na economia, reduziu fortemente as importações e equilibrou as contas da economia com o exterior.

Agora, partindo de um cenário de saldos próximos do equilíbrio que têm sido mantidos ao longo da última década, os resultados de 2023 registaram uma melhoria por causa do desempenho bastante positivo das exportações, nomeadamente aquelas que resultam do turismo, e da melhoria do saldo das administrações públicas, que faz com que o recurso do país a financiamento externo se modere, compensando o efeito negativo do aumento das taxas de juro.

A melhoria das contas externas portuguesas tem sido apontada, a par da redução da dívida pública, como um dos factores por detrás da melhoria dos ratings atribuídos a Portugal, que actualmente já se situam dentro do patamar A para as principais agências de notação financeira.

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