Vendas de ansiolíticos, sedativos e hipnóticos caíram no ano passado

Depois de terem aumentado em 2021, em 2022 as vendas deste medicamentos começaram a cair e, em 2023, a queda foi mais acentuada. Foram vendidas mais de dez milhões de embalagens.

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Dia Mundial do Sono assinala-se na sexta-feira Manuel Roberto
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As vendas de medicamentos com receita que, entre outras indicações, ajudam a dormir têm vindo a cair e, no ano passado, chegaram quase a níveis pré-pandemia, com menos 270 mil embalagens vendidas, segundo o Infarmed.

De acordo com os dados da Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, depois de terem aumentado em 2021, em 2022 as vendas de medicamentos da classe dos ansiolíticos, sedativos e hipnóticos começaram a cair e, em 2023, a queda foi mais acentuada.

Os números do Infarmed indicam que em 2019 foram vendidas 10.329.106 embalagens destes medicamentos, que têm outras indicações além das perturbações do sono, como a ansiedade e a doença de pânico.

No primeiro ano da pandemia o consumo caiu ligeiramente (10.233 236), mas em 2021 voltou a subir, com 10.742.611 embalagens vendidas. Em 2022 as vendas começaram a cair e a queda foi mais acentuada no ano passado, com 10.397.863 embalagens vendidas.

O director do Centro Europeu do Sono, Miguel Meira e Cruz, considera que a literacia em saúde do sono melhorou nos últimos anos, mas disse que ainda existe muita ignorância e falta de formação nesta área.

O responsável, que falava à agência Lusa a propósito do Dia Mundial do Sono, que se assinala na sexta-feira, disse que a resposta dos serviços públicos de saúde portugueses nesta área está “aquém do desejável” e defendeu uma maior aposta nos cuidados de saúde primários, onde a formação dos profissionais é escassa e a falta de tempo para o doente tem implicações terapêuticas.

Sobre o aumento de casos de perturbações do sono, disse que estas questões são encaradas “como algo inequívoco”, quando antigamente havia muito a tendência para as associar à idade, por exemplo, e recorda que as “horas normativas” de sono variam ao longo da vida, mas “menos do que supõem os que ignoram a ciência do sono”.

A este respeito, recorda que a medicina do sono “envolve praticamente todos os órgãos e sistemas” e que, quando não dormimos, algumas funções “entram em falência”. "Algumas das disfunções associadas à restrição do sono são as cardiometabólicas”, exemplificou, sublinhando o facto de serem a primeira causa de morte em grande parte do globo, “evitável e com custos directos e indirectos, individuais e colectivos”.

Disse ainda que a restrição do sono está também relacionada com a memória, a atenção, a aprendizagem, alterações imunitárias e inclusivamente com o cancro.

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