PSP detém 13 pessoas acusadas de usarem galos em lutas ilegais em Loures

Durante a detenção, que aconteceu num antigo matadouro, foram apreendidas 42 aves, mais de sete mil euros e cabos de bateria usados para abater os animais. Apostas custavam até 50 euros.

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Os galos utilizados para estes combates pertencem à espécie Mura e, normalmente, são mais altos, magros e resistentes DR
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A PSP de Lisboa deteve 13 homens acusados de utilizarem galos para lutas ilegais e obtenção de lucro. Os suspeitos foram detidos no domingo, 10 de Março, num antigo matadouro em Loures, depois de meses de investigação e de um mandado de busca, acrescenta o comunicado enviado ao P3.

Os homens, que têm entre 31 e 56 anos, estão acusados do crime de participação e/ou promoção de luta de animais e jogo ilegal.

Segundo a polícia, foi “montada uma operação policial para interceptar em flagrante delito o grupo que se dedicava à prática ilegal de luta de galos, com exploração de apostas monetárias”. Ao que tudo indica, a investigação começou depois de uma denúncia anónima feita à PSP no início do ano.

As lutas aconteciam uma vez por mês e reuniam cerca de 50 criadores e apostadores que se dirigiam ao antigo matadouro com os respectivos galos, garantiu ao JN fonte ligada à investigação. Na entrada, um porteiro que só permita a entrada de quem já frequentavam o espaço.

Segundo o mesmo jornal, para assistirem aos combates os apostadores tinham de se inscrever previamente e pagar entre 30 a 50 euros, valor que incluía almoço. No final das lutas, o dinheiro angariado era dividido entre os organizadores que ocuparam ilegalmente o matadouro, os criadores dos galos vencedores e as pessoas que apostaram no animal vencedor.

As imagens recolhidas pela PSP mostram galos com ferimentos nos olhos e crista, falta de pêlo em várias partes do corpo, bem como várias boxes onde os animais eram mantidos e o recinto das lutas com cerca de três metros de diâmetro.

As autoridades chegaram ao local pouco depois das 9h de domingo e encontraram 32 das 40 pessoas que se inscreveram para assistir ao evento. Para além das 13 pessoas detidas (ligadas à organização destas lutas), estavam no recinto 17 homens e duas crianças. À excepção dos menores, foram constituídos arguidos pelo mesmo crime e submetidos a termo de identidade e residência.

A par disto, acrescenta a PSP, foram apreendidas 42 aves entretanto entregues a uma associação de protecção animal, mais de sete mil euros, pontas de bico em metal e esporões que eram colocados nos galos durante as lutas para infligir dor, transportadoras adaptadas para galináceos, uma chocadeira, uma balança, medicamentos (incluindo injectáveis) para dopar os animais durante as lutas, bem como tesouras de cirurgia e cabos de bateria para abater os feridos.

Os 13 detidos, três deles organizadores e dez criadores de galos, foram presentes ao Tribunal Judicial Comarca Lisboa Norte, em Loures, e aguardam a medida de coação.

No caso dos promotores dos combates, a pena pode chegar aos três anos de prisão ou multa e para quem faz criação, dois anos de prisão ou multa. Os dois menores, que têm cerca de dez anos, já estão sinalizados pela Comissão de Protecção de Crianças e Jovens em Perigo (CPCJ) que aguarda justificações dos pais para os terem levado a assistir a uma actividade ilegal.

Galos usados nas lutas

Tal como em Portugal, as lutas de galos são proibidas noutros países — o que não as torna menos comuns. É o caso do Brasil. Em África e em países asiáticos como Timor-Leste, são legais e até consideradas uma tradição.

Os galos utilizados para estes combates pertencem à espécie Mura e, normalmente, são mais altos, magros e resistentes, e, por isso, raramente usados para consumo.

Nas lutas, que são cronometradas, são colocadas duas aves na arena e vence a que ferir ou matar o opositor mais rapidamente. No caso do antigo matadouro, os galos que perdiam eram imediatamente abatidos num espaço criado para o efeito.

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