A CDU não gosta de se envolver em polémicas, mas volta e meia ataca o PS

À medida que os socialistas acentuam o pedido de voto útil, os comunistas acrescentam críticas ao partido do Governo, em particular à maioria absoluta.

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“A conversa" do PS sobre o voto útil "já não cola", diz Paulo Raimundo LUSA/PAULO NOVAIS
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Paulo Raimundo já o disse várias vezes: o que verdadeiramente importa é dar resposta aos problemas das pessoas (sejam eles os baixos salários ou as más condições laborais) e não alimentar polémicas. A CDU não se afasta deste caminho, mas, desde que se iniciou a campanha eleitoral, todos os dias aponta o dedo à maioria absoluta do PS – apesar de, após 10 de Março, poder vir a unir-se aos socialistas para governar.

Quando o co-porta-voz do Livre, disse que "a direita democrática tem de ter com quem dialogar", os jornalistas questionaram Raimundo sobre essas afirmações e a resposta não surpreendeu: criticou as várias forças políticas por se focarem em coisas que "não têm interesse nenhum", deixando para trás o que verdadeiramente "importa", como “o aumento dos salários". Este é o modus operandi de Paulo Raimundo: afastar-se das polémicas (e de resultados de sondagens). Mas, sempre que pode, aponta o dedo à maioria absoluta do PS: “Os últimos dois anos foram um passo atrás”, tem dito.

Ciente de que, após dia 10, a CDU pode ter de dialogar com o PS, Paulo Raimundo não vê "nenhuma contradição" nas críticas que faz aos socialistas. Aliás, “há uma necessidade” de o fazer. Porque o PS só dá “as respostas necessárias” se for “obrigado pela CDU”, reitera frequentemente. Nesse sentido, a solução não é o voto útil. “A conversa já não cola. Colou há dois anos e sabemos como foi”, disse o comunista no domingo. Esta terça-feira insistiu no tema: quem “há dois anos votou noutro partido já percebeu que só a CDU lhes dá garantias.”

Nesta segunda semana da campanha eleitoral, à medida que os socialistas acentuaram o pedido ao voto útil, Paulo Raimundo passou a tecer também críticas mais concretas ao PS por apresentar cenários macroeconómicos “optimistas”. Agora, o dinheiro “dá para tudo. Não dá é para levar a sério nenhum daqueles cenários”, disse.

A crítica à maioria absoluta é uma estratégia da CDU (tal como do BE) e esta terça-feira foi proclamada por Bernardino Soares, cabeça de lista da CDU por Santarém: “O PS pode tentar convencer as pessoas que manter a mesma política com outra maquilhagem é suficiente”. Substituir António Costa por Pedro Nuno Santos não convence quem sabe "ser necessária uma nova política" que defenda um aumento salarial e das reformas e um reforço dos serviços públicos, disse.

Já no dia anterior o dirigente da Fenprof e mandatário da CDU por Coimbra, Mário Nogueira, alertava que “andam aí” aqueles que não concretizaram nada enquanto podiam e que “dizem que agora é que vai ser”. Aqueles que, da “sua maioria absoluta”, nada restou de positivo para destacar.

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