Rui Tavares: “Roubar votos entre partidos à esquerda não faz a esquerda crescer”

O co-porta-voz do Livre sublinha que nunca fechou a porta a entendimentos alargados à direita em relação a uma reforma da Justiça, por exemplo, e pede à esquerda que não roube votos entre si.

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Rui Tavares, co-porta-voz do Livre, é cabeça de lista por Lisboa Rui Gaudêncio
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Rui Tavares, co-porta-voz do Livre, voltou a garantir esta sexta-feira que o seu partido está "no mesmo lugar" e frisou que nunca disse que iria apoiar um governo de direita. "O que sempre dissemos, e não mudou em nenhum dia, é que o Livre é parte da solução de uma maioria à esquerda. Se houver uma maioria de direita, o Livre é parte da oposição", resumiu. E deixou um recado aos parceiros de esquerda que partiram para o ataque ao Livre depois de Rui Tavares admitir dialogar à direita: "Roubar votos entre partidos à esquerda não faz a esquerda crescer."

As afirmações de Rui Tavares surgem depois de na quinta-feira ter dito que o Livre está disposto a dialogar com a direita para entendimentos alargados sobre "a saúde da democracia", como alterações ao sistema eleitoral, o combate à corrupção ou avançar para uma reforma da Justiça (aliás, Tavares e o líder do PSD Luís Montenegro concordaram sobre esta matéria no seu duelo televisivo). As declarações do deputado único geraram críticas do BE, mas também do PCP e até do Chega (que rejeitou um entendimento que o Livre nunca equacionou).

Embora mantenha a porta fechada a um acordo com a direita democrática (que exclui o Chega), isso não quer dizer que não acredite ― ​como defende desde a fundação do partido ―​ que a esquerda e a direita democrática podem e devem dialogar, repetiu Tavares.

Com os indecisos a representar cerca de 20% dos eleitores, Rui Tavares deixou um recado aos restantes partidos, notando que "só se consegue vencer indo buscar votos que estejam indecisos entre partidos à direita e partidos de esquerda".

Livre "nunca cavalgou em descontextualizações"

Sem se referir particularmente a nenhum partido, Rui Tavares disse que o Livre "nunca cavalgou descontextualizações" contra parceiros, acrescentando que do seu lado não irá "alimentar polémicas estéreis e descontextualizações e desinformações", lembrando que essa foi uma estratégia usada por partidos da direita contra o BE e com a qual o Livre não alinhou, respondendo assim às declarações da coordenadora do BE, Mariana Mortágua, ou de figuras do PCP, como João Ferreira.

Tavares explicou que o que sempre disse é que o Livre "está disponível para melhorar a democracia" e dialogar acerca de propostas como a introdução de um círculo eleitoral de compensação (tema no qual, além do Livre, BE, PCP, PS, PAN, AD e IL concordam existir espaço para debate), até porque alterações ao sistema eleitoral não podem ser feitas com uma maioria simples nem sequer absoluta, "mas uma maioria que transcenda um dos campos da nossa política".

Questionado sobre se equaciona apresentar ou aprovar uma moção de rejeição a um governo minoritário da Aliança Democrática (AD), Tavares diz que o Livre o fará "se considerar necessário", mas apenas depois de conhecer o programa do próximo executivo. O co-porta-voz não aprovará, no entanto, uma moção de rejeição apresentada pelo Chega, até porque do lado da esquerda, e com excepção de votos de pesar, o Livre, PS e PCP nunca aprovaram uma proposta do partido liderado por André Ventura. De fora desta cerca da esquerda ficou o BE, que já aprovou propostas da bancada do partido de direita radical populista.

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