Revolut avança com sucursal em Portugal e obtenção de IBAN nacional

Revolut vai abrir uma sucursal em Portugal e quer obter um IBAN nacional. Empresa vai apostar no lançamento do crédito pessoal e admite que os depósitos de vencimentos ou a prazo estão no horizonte.

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Revolut quer avançar com novos produtos para os quais é essencial obter o IBAN português e tem já em vista o lançamento do crédito pessoal Daniel Rocha
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A Revolut, uma aplicação financeira mais conhecida pela actividade no segmento de viagens, vai avançar com a abertura de uma sucursal em Portugal e está a trabalhar na obtenção de um IBAN nacional, adiantou o responsável pelo projecto, Rúben Germano.

Em entrevista à Lusa, Rúben Germano disse que, para a Revolut — que neste momento actua com um IBAN da Lituânia — é essencial obter o IBAN português para poder funcionar num modelo de banca mais aproximado do das instituições que operam no mercado nacional e lançar produtos financeiros como o crédito pessoal.

“O nosso grande objectivo é cumprir com todos os requisitos regulatórios”, indicou, apontando que a meta passa por obter o IBAN ainda este ano. “Estamos a ver todas as análises regulatórias e todos os reportes que temos que cumprir”, destacou, adiantando que a Revolut está a trabalhar com o Banco de Portugal nesse sentido. “Queremos passar de uma empresa que foi muito focada no segmento de travel, associada às viagens”, para uma instituição que pretende ser o banco principal dos clientes, indicou.

A empresa quer assim avançar com novos produtos para os quais é essencial obter o IBAN português e tem já em vista o lançamento do crédito pessoal. “Vamos lançar o crédito pessoal sem finalidade específica e que é o maior segmento no crédito ao consumo”, destacou. Depois disso, a Revolut vai avançar com produtos de investimento de “risco baixo”, assegurou, sendo que os cartões de crédito poderão ser outro destes lançamentos.

Quanto à aposta em captar depósitos de vencimentos ou a prazo, Rúben Germano disse que isso está no horizonte da Revolut, mas não a tão curto prazo, reconhecendo que pode ser complicado entrar em segmentos como o do crédito à habitação. “Há produtos que sabemos que são âncora no mercado, como o crédito à habitação, por exemplo”, e os bancos “defendem também estes produtos-âncora”, aos quais “tentam acoplar” outros. É “mais difícil” combater a concorrência “sem estes produtos”, disse, mas salientou que a instituição que representa é competitiva em termos de preços, destacando uma maior facilidade e rapidez, bem como a transparência da instituição, como vantagens.

Questionado sobre as dúvidas dos clientes da banca tradicional face a este tipo de banco sem balcões e com um grande pendor tecnológico, Rúben Germano lembrou que a Revolut está abrangida pela garantia de depósitos e que tem uma licença bancária na Lituânia.

“Somos uma empresa rentável ao longo dos anos”, disse, apontando ainda o seu crescimento. “Acho que temos toda a estabilidade para garantir tanto dinheiro dos clientes”, assegurou, lembrando “as normas regulatórias que são exigidas e que fazem parte do sistema de segurança bancário”.

A abertura da sucursal em Portugal, com uma vertente mais local, também poderá contribuir para esta confiança, indicou, rejeitando, no entanto, a abertura de balcões.

As receitas globais da Revolut, que não divulga números para cada um dos mercados, aumentaram 45%, para 1,1 mil milhões de euros em 2022, e o grupo espera obter quase dois mil milhões de euros este ano. Em Portugal, o grupo conta com 1300 trabalhadores (9000 globalmente).

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