Portugueses transferiram 11,5 milhões para “cofres” da Revolut

Fintech inglesa é essencialmente conhecida pelo cartão pré-pago, mas também permite colocar dinheiro de lado para projectos futuros.

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Digitalização dos serviços bancários é cada vez maior Rui Gaudencio

A Revolut, uma fintech inglesa que oferece um conjunto de soluções financeiras digitais, em concorrência os bancos tradicionais, como a emissão de cartões e processamento de transferências internacionais, anunciou esta terça-feira que os portugueses guardaram, ao longo do corrente ano, 11,5 milhões de euros nos seus vaults, uma espécie de “cofres” ou “mealheiros” digitais. Este montante corresponde a dinheiro guardado para férias ou outros fins, por cerca de 30 mil utilizadores, que criaram mais de 43 mil “cofres”.

No corrente mês, o número de vaults activos ascendia “a mais de 23 mil e a cerca de quatro milhões de euros postos de parte”, revela a fintech a propósito do Dia Mundial da Poupança, que se assinala a 31 de Outubro (esta quinta-feira). Esta data era tradicionalmente marcada pela abertura dos mealheiros, confiados às crianças e “recheados” por pais e avós, uma alternativa de poupança que praticamente desapareceu.

Os montantes canalizados pelos clientes nacionais para os vaults, em mais de 1,5 milhões de transferências, ficam guardados de forma autónoma ao dos valores “carregados” e movimentados através do cartão físico ou virtual da Revolut, e podem ser feitos em várias moedas. Dos “cofres”, o dinheiro pode ser canalizado para o cartão, “de forma instantânea”, avança a empresa, podendo ser utilizado em pagamentos e levantamento através de caixas automáticas, em Portugal e no estrangeiro. Também é possível transferir o dinheiro que esteja nesta fintech para uma conta de depósitos à ordem, na banca tradicional, mas essa operação não é imediata.

A guarda do dinheiro não tem custos (comissões), mas também não é remunerado, ou seja, não são pagos juros, porque, apesar de ter licença bancária na Europa, a empresa ainda não entrou nesse segmento de negócio. Questionada sobre a segurança dos montantes que lhe são confiados, a Revolut disse ao PÚBLICO que “são guardados em contas segregadas detidas por um banco parceiro de tier 1 [nível de capitais próprios/garantia de solvabilidade]”, sendo uma instituição regulada pela FCA (Financial Conduct Authority). Acrescenta ainda que, “no caso altamente improvável do banco parceiro da Revolut se tornar insolvente, os clientes Revolut terão garantida a restituição dos fundos destas contas segregadas e os seus pedidos serão acautelados antes de qualquer pagamento a credores”.

Cerca de metade dos montantes canalizados para a tecnológica financeira, que oferece vários serviços gratuitos ou com custos mais reduzidos, fazendo parte da chamada “nova banca”, são feitos em euros, sendo o restante em várias moedas, com destaque para dólares ou libras, em função dos objectivos de cada cliente, particular ou empresa.

De acordo com dados da empresa, e agregando os diferentes mercados, “já foram criados mais de 1,8 milhões de “cofres” na Revolut, dos quais mais de um milhão estão activos”.

Globalmente, a empresa garante que tem cerca de sete milhões de clientes na Europa, um número que deverá crescer nesta e em outras geografias, em resultado dos recentes acordos com a Visa e a Mastercard para entrar em vários mercados, nomeadamente no continente americano e asiático.

Notícia corrigida relativamente à possibilidade de transferência de montantes guardados nos vaults da Revolut. Ao contrário do que estava inicialmente escrito, a transferência para um conta de depósitos à ordem é possível, mas não é imediata.

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