Líder dos republicanos no Senado dos EUA vai abandonar o cargo

Mitch McConnell liderou os republicanos na câmara alta do Congresso dos EUA durante 17 anos. “Chegou a hora da próxima geração de líderes”, afirmou.

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Mitch McConnell é senador pelo estado do Kentucky Reuters/Jim Young
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O líder republicano no Senado dos Estados Unidos, Mitch McConnell, anunciou esta quarta-feira que vai abandonar em Novembro o cargo que ocupou durante 17 anos, mais do que qualquer outro líder partidário na história da câmara alta do Congresso norte-americano.

“Fiz 82 anos na semana passada. O fim das minhas contribuições está mais próximo do que eu preferia", disse McConnell no plenário do Senado, com a voz embargada pela emoção. “O Pai Tempo continua invencível. Já não sou o jovem sentado lá atrás à espera que os colegas se lembrem do meu nome. Chegou a hora da próxima geração de líderes”, acrescentou.

O senador do estado do Kentucky, de 82 anos, desempenhou um papel significativo ao ajudar o ex-Presidente Donald Trump a cimentar uma maioria conservadora de 6-3 no Supremo Tribunal dos EUA, abrindo caminho para uma série de decisões aplaudidas pelos conservadores, como a anulação da decisão histórica de 1973 que estabeleceu o direito ao aborto.

“Um dos talentos mais subestimados da vida é saber quando é hora de passar para o próximo capítulo da vida”, disse McConnell, cuja saída acontece numa altura de transição ideológica no Partido Republicano, do conservadorismo tradicional de Ronald Reagan e de fortes alianças internacionais para o populismo isolacionista de Donald Trump.

Politicamente, o senador tem estado sob pressão crescente da ala mais conservadora do seu partido, alinhada com Trump, de quem McConnell se afastou desde Dezembro de 2020, quando se recusou a aceitar a tese de que as eleições presidenciais desse ano tinham sido fraudulentas.

Os seus assessores garantiram que o anúncio de McConnell não tem relação com o seu estado de saúde, apesar de ter sofrido um traumatismo craniano devido a uma queda no ano passado.

Por duas vezes, no Verão passado, McConnell ficou paralisado enquanto fazia comentários em público, levantando questões sobre a capacidade para continuar a desempenhar as suas funções, uma preocupação que não foi atenuada por uma nota, em Agosto, do médico do Congresso que autorizou McConnell a continuar a trabalhar.

A saída de McConnell vai retirar ao Partido Republicano uma personagem central nas negociações recorrentes com os democratas e com a Casa Branca para manter o financiamento do governo federal e evitar um encerramento. O comando firme da sua bancada contrasta com o relativamente recente presidente da Câmara dos Representantes, Mike Johnson, que tem tido dificuldades em liderar a sua escassa maioria na câmara baixa do Congresso norte-americano.

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