No centro de Londres, há cientistas a “criar” insectos ricos em proteínas para alimentar galinhas e porcos

Uma startup londrina transforma insectos em alimentos mais ricos em proteínas. No centro do esforço está a minúscula mosca-soldado-negro, conhecida pelo seu papel no combate às alterações climáticas.

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O técnico de entomologia Thomas Dixon segura uma mosca retirada de uma gaiola de moscas no laboratório da quinta de insectos Entocycle, em Londres Reuters/ISABEL INFANTES
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Amostra do produto final, larvas inteiras, num recipiente na quinta de insectos Entocycle, em Londres Reuters/ISABEL INFANTES
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Ovos numa balança no laboratório da exploração de insectos Entocycle. em Londres Reuters/ISABEL INFANTES
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Uma armadilha para ovos de uma gaiola de moscas na quinta de insectos Reuters/ISABEL INFANTES
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Ovos de uma gaiola de moscas na quinta de insectos Entocylcle em Londres Reuters/ISABEL INFANTES
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Mosca de uma gaiola de moscas no laboratório da quinta de insectos Reuters/ISABEL INFANTES
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A chefe de entomologia Amandine Collado e o técnico de entomologia Thomas Dixon analisam uma amostra de larvas Reuters/ISABEL INFANTES
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Debaixo de um conjunto de arcos ferroviários no centro de Londres, zumbem centenas de milhares de pequenas moscas, apresentando uma tecnologia de criação de insectos que poderá ajudar a combater as alterações climáticas. No seu centro de investigação, a startup Entocycle, com oito anos de existência, pretende mostrar como o processo de transformar insectos ricos em proteínas em alimentos para galinhas e porcos pode ser adoptado em grande escala.

As próprias moscas alimentam-se de quase todos os resíduos alimentares e são melhores para o planeta do que os alimentos tradicionais para animais, como a soja, que têm uma pegada de carbono muito maior, explica o fundador e director executivo Keiran Whitaker.

"Derrubamos as florestas tropicais para produzir soja, pescamos em excesso nos oceanos para capturar farinha de peixe e depois transformamo-la em ração proteica que é novamente enviada para todo o mundo para alimentar os animais", afirma. "É incrivelmente insustentável."

Nos últimos anos, a proteína de insecto tornou-se uma alternativa popular na agricultura e na aquacultura, à medida que a procura de alimentos para animais aumenta, com empresas como a gigante alimentar americana Cargill a adoptarem a utilização de alimentos para insectos.

A Entocycle, que Whitaker espera que se torne rentável ainda este ano, tem como objectivo trazer uma eficiência de nível industrial à criação de insectos, concebendo hardware que inclui dispositivos de medição precisos, braços robóticos e uma instalação com temperatura controlada para a criação de insectos.

Com o ruído dos comboios a passar e o cheiro acre das fezes das moscas a pairar no escritório, engenheiros e biólogos de bata branca preparam-se para uma expansão significativa do centro de investigação da Entocycle nas próximas semanas.

Uma mão cheia de larvas do substrato na quinta de insectos Entocycle em Londres Reuters/ISABEL INFANTES
As moscas são mantidas dentro de uma gaiola no laboratório Reuters/ISABEL INFANTES
Amostra do produto final, larvas inteiras, num recipiente na quinta de insectos Reuters/ISABEL INFANTES
Larvas do substrato na quinta de insectos Entocycle em Londres Reuters/ISABEL INFANTES
O fundador e director executivo da Entocycle, Keiran Whitaker Reuters/ISABEL INFANTES
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Uma mão cheia de larvas do substrato na quinta de insectos Entocycle em Londres Reuters/ISABEL INFANTES

Negócio de insectos

No centro do esforço está a humilde e minúscula mosca-soldado-negro (Hermetia illucens), amplamente reconhecida pelo seu potencial para ajudar a combater as alterações climáticas ao ser uma fonte de proteínas mais amiga do ambiente.

"É o insecto mais rápido, mais barato e mais sustentável de cultivar e é uma espécie que não causa doenças nem pragas e que se encontra em todo o mundo", diz Whitaker sobre o insecto, que é transformado em proteína durante a sua fase de larva em forma de verme. A maior parte das moscas-soldado criadas no seu centro em Londres transforma-se em proteína de insecto.

Mas uma pequena parte é criada num insectário húmido, onde mastiga durante dias resíduos alimentares – matéria orgânica derivada de sanduíches fora de prazo ou cevada descartada por fábricas de cerveja locais –, antes de pôr centenas de ovos, permitindo que o ciclo continue.

O entomologista britânico George McGavin, que chama à mosca-soldado-negro a superestrela da indústria dos insectos comestíveis, diz que a criação de insectos pode ajudar a produzir "grandes quantidades de proteínas" num espaço pequeno e em muito pouco tempo.

"A criação de insectos é, de facto, uma alternativa muito viável, eficiente, relativamente fácil de fazer e sem quaisquer riscos ecológicos", diz McGavin.

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