Aldina tem um álbum só com letras de Capicua e estreia-o a voz e harpa com Araucária

Chama-se Metade-Metade e é o novo álbum da fadista Aldina, desta vez só com letras de Capicua. Anunciado para 22 de Março, estreia-se esta quinta-feira com um primeiro single e videoclipe que traz o nome de uma árvore antiquíssima, Araucária, onde Aldina (voz) é acompanhada apenas por harpa, tocada por Ana Isabel Dias. O tema, como todos deste disco, foi escrito por Capicua, com música de um fado tradicional de Júlio Proença. O videoclipe, assinado por Casota Collective, tem realização de Telmo Soares, com direcção de fotografia do operador de câmara Manuel Gil.

No texto que anuncia este lançamento, diz Aldina Duarte: “Este disco é uma declaração de amor à natureza, à liberdade e à poesia. E, também, uma grande incerteza sobre o futuro da Humanidade; a urgência de nos reencontrarmos com a nossa forma de inteligência comunitária, de reaprender o nosso lugar no planeta, [mudando a visão antropocêntrica danosa], temos de nos salvar de nós próprios: o corpo humano não aguenta temperaturas acima dos 50° e não sobrevive sem água, por exemplo. Não é o planeta que tem de ser salvo, é a espécie humana. Não somos feitos para a virtualidade ou para a solidão, precisamos dos outros para nascer, crescer e morrer.”

E acrescenta, em seguida: “O sentimentalismo e a censura em vez da solidariedade e da coragem é uma desvalorização do melhor que somos capazes: pensar, sentir e criar. O dinheiro em vez do poder do conhecimento. A fama em vez da competência. A consciência em vez da negação. Este é o meu primeiro disco em que o amor romântico não é o tema, mas sim o amor universal, sendo, também, um manifesto político e social: os velhos são a esperança, enquanto espelhos de superação de guerras, doenças, ditaduras, muitas fomes e frios, com quem temos de aprender, as crianças, o futuro ameaçado, numa civilização consumista decadente que precisa de avançar quanto antes para uma civilização ecológica, mais igualitária, justa e digna para todos.”

A finalizar, dá contexto ao título: “Tendo estes poemas de Capicua nascido de melodias antigas do fado, este disco nasceu literalmente da poesia e da música da palavra, um por um; cada fado tem, conforme a mensagem e a poesia que lhe dão forma, o silêncio, a melodia, o ritmo, o som, a interpretação vocal e instrumental a servi-lo inteiramente. Música, fotografia e grafismo, tudo e todos quisemos ser parte desta declaração fadista de amor à natureza, à liberdade e à poesia.”

Aldina Duarte tem, até à data, oito álbuns publicados: Apenas o Amor (2004), Crua (2006), Mulheres ao Espelho (2008), Contos de Fados (2011), Romance(s) (2015), Quando Se Ama Loucamente (2017), Roubados (2019) e Tudo Recomeça (2022), o primeiro que assinou apenas como Aldina. Metade-Metade, a publicar daqui a um mês, será o nono.