Sam Mendes vai filmar os Beatles, um filme para cada um dos “Fab Four”

Sam Mendes vai realizar quatro filmes, um para cada músico dos Beatles, a estrear em 2027 de uma forma “inovadora” e “sísmica”. Famílias não querem uma versão “autorizada” e dão “liberdade”.

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Os Beatles numa conferência de imprensa no Reino Unido em 1964, após regressarem dos EUA HO/Reuters
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O realizador britânico Sam Mendes anunciou esta terça-feira o seu novo e ambicioso projecto: quatro filmes sobre os Beatles, cada um dedicado a um dos “Fab Four”, para estreia em 2027. Os músicos e as suas famílias deram o seu aval para estas longas-metragens, que serão distribuídas para salas de cinema.

É a primeira vez que a Apple Corps Ltd., a empresa que detém os direitos de autor e de licenciamento da obra dos Beatles e que foi por eles fundada, e os próprios Beatles cedem total acesso e direitos musicais e biográficos para um projecto de ficção. Paul McCartney e Ringo Starr concordaram com o projecto e as famílias de John Lennon e George Harrison, falecidos em 1980 e 2001, também.

Sam Mendes, autor de Beleza Americana ou 1917 e detentor de quatro Óscares, vai realizar os quatro filmes cujo conceito é focarem-se em cada um dos músicos, mas incluírem cruzamentos narrativos. A notícia foi avançada pelo site Deadline e depois confirmada pela Apple Corps e pela produtora de Mendes, Neal Street Productions, bem como pela Sony Pictures.

Segundo o Deadline, Mendes começou em Dezembro a divulgar o projecto em Los Angeles em busca de interessados em co-produzir e distribuir. “É justo dizer-se que recebemos entusiasmo universal”, disse ao mesmo site. Antes de apresentar em Hollywood a sua ideia, que tem já cerca de um ano, Mendes obteve a concordância dos Beatles sobreviventes e dos seus herdeiros. Porém, e ao contrário da fronteira que actualmente parece dividir os biopics autorizados dos não autorizados, Mendes terá “a liberdade de mergulhar nas vidas de cada um dos Beatles, sem que nada lhe seja proibido e sem a sensação de que a banda queira que ele conte uma versão ‘autorizada’ sobre a sua ascensão e sucesso”, descreveu Pippa Harris, produtora e sócia de Sam Mendes na Neal Street Productions.

A Sony venceu a licitação pela forma como pretende estrear os filmes, que financiará e distribuirá. Não são ainda conhecidos detalhes sobre o plano de lançamento, mas a Sony diz ter planeada “uma cadência inovadora de estreia”, que provavelmente virá a incluir a presença simultânea dos títulos nos cinemas. Mendes está, em suma, “honrado” por ter a oportunidade de concretizar este seu projecto, cada um a partir do ponto de vista de um Beatle, mas também por “desafiar a noção daquilo que constitui uma ida ao cinema”. O presente do grupo Sony Pictures disse mesmo, citado pelo Deadline, que “os acontecimentos cinematográficos em sala hoje em dia têm de ser culturalmente sísmicos”.

Os Beatles, provavelmente o grupo musical mais conhecido e popular de sempre, já foram alvo de inúmeros projectos fílmicos, mas nunca deste tipo e com tal alcance. Entre os mais conhecidos ou conseguidos estão documentários como The Beatles: Eight Days a Week – The Touring Years (2016), de Ron Howard, e a mais recente série documental de Peter Jackson The Beatles: Get Back (2021). Há ainda o biopic Nowhere Boy (2009) sobre John Lennon, o documentário sobre George Harrison: Living in the Material World (2011) e o envolvimento dos próprios no cinema, desde o incontornável O Submarino Amarelo (1968), Magical Mistery Tour (1967), Help! (1965) e A Hard Day’s Night (1964), inesquecivelmente traduzido em Portugal como Os Quatro Cabeleiras do Após-Calipso. Em 1970, Let it Be fez o relato do fim do grupo. Em 1978, houve ainda Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band, uma espécie de filme-jukebox com Peter Frampton e os Bee Gees, e que incluía versões de canções dos Beatles.

Entre outras aparições e colaborações dos famosos músicos no cinema, Ringo Starr protagonizou com Peter Sellers The Magic Christian (1969) e George Harrison financiou A Vida de Brian (1979), o filme mais bem cotado dos Monty Python.

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