A Paixão Segundo G.H., o filme do precipício ou a revolução numa mulher

“Se me afecta, é filmável”, diz Luiz Fernando Carvalho a quem achava impossível filmar um dos livros fundamentais de Clarice Lispector. Eis A Paixão Segundo G.H., o filme, 60 anos depois do texto.

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Depois de Lavoura Arcaica (Raduan Nassar), o brasileiro Luiz Fernando Carvalho volta à literatura do seu país
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Quando estava a trabalhar na montagem do filme, em São Paulo, Luiz Fernando Carvalho (Rio de Janeiro, 1960) tomava o pequeno-almoço numa pastelaria em Perdizes, um bairro de classe média onde assistia a uma espécie de coreografia social, repetida e tipificada por duas figuras femininas. Uma mulher branca caminhava seguida de outra mulher, quase sempre negra ou mestiça, fardada. “Não há contacto entre elas. Não seguem juntas. A da frente fala no ‘celular’, risonha, e a de trás vai cabisbaixa. Se a primeira avançar, a segunda diminui a distância. É tudo muito subtil”, refere Luiz Fernando Carvalho para sublinhar que quis levar essa espécie de coreografia para um texto onde a denúncia das relações de classe estava presente.

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