Sem “cães”, o Real Madrid caçou com “gatos”

A equipa espanhola sofreu na Alemanha e bem pode agradecer ao guarda-redes Lunin. Na Dinamarca, o Manchester City teve uma noite tranquila e de domínio absoluto.

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Leipzig e Real Madrid em duelo Reuters/LISI NIESNER
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A onda de lesões no Real Madrid tem sido permanente nesta temporada e tem obrigado Carlo Ancelotti a ser criativo e “caçar com gato”. Nesta terça-feira, na primeira mão dos oitavos-de-final da Liga dos Campeões, não foi diferente.

O Real venceu o Leipzig por 1-0, na Alemanha, numa partida na qual bem pode agradecer a Brahim Díaz, que fez de Bellingham, e Lunin, que continua a fazer de Courtois e Kepa.

O primeiro, com uma grande jogada individual, marcou o golo decisivo, e o segundo, com um desempenho de alto nível, ajudou a tirar nexo às tentativas do Leipzig, que criou bastante perigo, sobretudo na segunda parte.

E o triunfo por 1-0 é uma bênção para o Real, que sofreu bastante e permitiu muitos remates e muito perigo ao Leipzig. E sendo verdade que as oportunidades do Real foram mais flagrantes, também é verdade que na quantidade houve, de forma clara, superioridade dos alemães.

Díaz a 10

O Real levou à Alemanha uma equipa de preceitos já vistos noutras ocasiões, mas com uma diferença: uma peça distinta mudou tudo. O losango encabeçado por Bellingham, que tanto é um 10 como um falso nove, teve, neste jogo, o labor de Brahim Díaz.

O que aconteceu vezes sem conta, com os dois alas bem abertos, foi que Díaz andava quase sempre em contra-corrente: ora baixava para a posição 10 quando se exigia presença na área, ora pedia a bola em zonas mais avançadas quando faltava alguém para ligar o jogo. Vini e Rodrygo tiveram várias situações em que, passado o um contra um, lhes faltou alguém para poderem alimentar.

Esta diferença entre Bellingham ainda teve um detalhe adicional, que foi permitir ao Leipzig mobilizar sempre dois jogadores para Vini e Rodrygo, dificultando-lhes as acções, optando por darem Díaz “de borla” – e o Real, talvez “viciado” nos alas brasileiros, não aproveitou da melhor forma o espaço dado a Díaz.

Na narração chegou-se a ouvir um comentário interessante, quando se disse “Vini está desacompanhado, vai ter de inventar algo sozinho, mas ele nem se importa”. Ele não se importa, de facto, mas desde que não tenha sempre inferioridade numérica quando pega na bola.

A equipa alemã teve vários momentos de saída em transição, conseguindo criar ligações entre Olmo, Openda, Simons e Sesko. É certo que tirando um golo anulado por fora-de-jogo não tiveram grandes oportunidades claras de golo, mas foi, em geral, uma equipa mais perigosa, com alguns momentos de alta qualidade na circulação e a manter a bola “viva”.

Aos 48’, deu-se a tal situação que poderia ter sido explorada mais cedo. Focados em Rodrygo e Vini, os defensores do Leipzig nunca fizeram questão de submeter Díaz a inferioridades numéricas e o criativo espanhol pegou na bola ainda longe da baliza e foi driblando um por um até inventar um remate em arco, de pé esquerdo.

Assim que marcou o golo, o Real passou para 4x3x3, com Rodrygo como avançado, Vini à esquerda e Díaz à direita – e já tinha sido por aí que tinha marcado o golo.

Mas a equipa partiu-se mais nesse figurino, com os três da frente sem predisposição para ajudarem a defender, e Ancelotti pareceu ter regressado à primeira forma, voltando ao losango com Díaz na posição 10. E o Real voltou a estabilizar um pouco mais, dando menos espaço à frente dos médios, mas mantendo a capacidade de criar perigo em transições.

Esse era o momento para Vini, que começou a aparecer mais e com mais espaço – rematou ao poste num contra-ataque definido individualmente após um grande drible.

Jogando olhos nos olhos com o Real, o Leipzig não deixou de continuar a criar oportunidades, que Lunin foi travando com um grande desempenho.

City cumpriu

No outro jogo da noite, o Manchester City viajou até Copenhaga e levou para casa um triunfo por 3-1.

De Bruyne, Bernardo e Foden fizeram os golos da equipa inglesa, numa partida que chegou a estar empatada a um golo por culpa de Ederson, que falhou um passe em zona perigosa e ofereceu um momento de perigo ao Copenhaga, que marcou por Mattsson.

A equipa inglesa teve mais bola, mais remates, mais golos esperados e mais perigo. Em resumo, teve mais tudo e o 3-1 até será curto.

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