Atacado nos debates, Pedro Nuno foi ao Entroncamento mostrar construção de habitação pública

Líder do PS recusa comentar proposta do Chega de conceder direito à greve e à militância partidária e pede que não se dê centralidade ao partido de André Ventura, que “só quer dividir” o povo.

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Pedro Nuno Santos visitou o projecto de reabilitação de um bairro que estava entregue à CP. LUSA/Paulo Cunha
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São 40 habitações públicas no Bairro Vila Verde, no Entroncamento, 24 delas já concluídas e a ser entregues em Março para arrendamento a valores mensais entre os 294 e os 350 euros. Receberam, na manhã desta segunda-feira, a visita do líder do PS, Pedro Nuno Santos, que as escolheu para mostrar, aos que nos debates televisivos o têm insistentemente acusado de não fazer nada (ou muito pouco) para resolver o problema da falta de oferta habitacional, que há realmente obra a avançar.

O bairro, que pertencia à CP, estava devoluto há 20 anos. “Há um país em obra, a fazer e a reconstruir, que está a construir casas para a população e era isso que queria mostrar: que há um trabalho que está a começar a dar frutos e que é preciso intensificar”, admitiu Pedro Nuno Santos aos jornalistas. Que insistiu que foi o Governo PS que lançou os programas de habitação pública, uma diferença em relação ao PSD, que fala apenas em habitação — presumindo-se que se trata dos privados a dinamizar o mercado.

Nas críticas ao PSD, realçou que no Entroncamento “há um projecto de cem habitações que foi chumbado pela direita duas vezes. Isso mostra bem o compromisso da direita com a habitação: nós queremos construir casas, reabilitar; e a direita, quanto tem oportunidade de apoiar, trava [as propostas]”.

Pedro Nuno Santos vincou a forma como os socialistas vêem a questão da habitação: o Governo desenha as políticas, a administração central financia e as autarquias identificam as necessidades da população e executam os projectos. O objectivo é ter “rendas que são claramente acessíveis, muito abaixo das praticadas no mercado, por metade ou um terço do valor”.

“O trabalho está a acontecer e nós queremos intensificá-lo porque é a melhor forma de respondermos às necessidades da nossa população. Construir, reabilitar, aproveitar o património público: esse é o trabalho que estamos a fazer e que queremos intensificar. Não é a única resposta para a habitação que queremos dar, mas o alargamento do parque público é um instrumento muito importante para darmos resposta à necessidade” de casas acessíveis.

“Este é um dos caminhos; não existem ‘balas de prata’ para resolver o problema da habitação”, avisou Pedro Nuno.

Questionado sobre a proposta eleitoral do Chega de permitir o direito à greve e à filiação partidária à PSP e à GNR, o líder do PS não respondeu directamente, e defendeu que as forças de segurança “têm todo o direito a demonstrar a sua insatisfação” e que o Governo tem que “ir ao encontro das suas preocupações”. Porém, vincou que “as forças de segurança devem estar concentradas na segurança do povo português. É isso que têm feito e devem continuar a fazer no futuro.”

Perante insistências, defendeu que se deve apresentar “propostas realistas, realizáveis e boas e não ter sistematicamente de colocar na agenda [pública] a agenda do Chega, que é a do aproveitamento da insatisfação e transformá-la em ódio”, que “não vai resolver os problemas e apenas quer dividir o povo português”.

O cenário económico "muito cauteloso" do PS

Questionado sobre o seu cenário macroeconómico e o facto de já nesta segunda-feira o INE ter anunciado que a taxa de inflação aumentou em Janeiro para 2,3%, 0,9 pontos acima da de Dezembro e impulsionada pelo aumento da electricidade e pelo fim do programa IVA Zero, Pedro Nuno Santos defendeu que o cenário que apresentou no domingo é "muito cauteloso, com muita precaução" para que uma futura crise não complique as contas públicas.

"Ao contrário da AD, que acredita no milagre do choque fiscal, nós preferimos fazer um cenário macroeconómico que, mesmo perante a incerteza, não nos deixa numa situação complicada do ponto de vista das contas públicas", justificou o líder socialista que, no entanto, fugiu a explicar se isso será suficiente se a inflação voltar a subir em flecha.

Mas fez questão de deixar a crítica ao PSD, salientando que "nem todos os partidos lidam com as crises da mesma maneira". "Já sabemos que a AD e a direita porta-se sempre da mesma maneira: são sempre os mesmos a sofrer, foi assim que fez quando estava no poder", apontou.

Por contraponto, vincou, os socialistas têm "sempre muito respeito pelas pessoas, garantindo estabilidade e segurança aos seus rendimentos". "São duas formas completamente diferentes de encarar as crises com que o país se vai defrontando", rematou.

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