Netanyahu confirma ofensiva terrestre em Rafah. Civis terão “passagem segura”, promete

O primeiro-ministro de Israel insiste que a população civil de Rafah tem de “abandonar” a zona. Ataques continuam em Khan Yunis.

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Netanyahu diz que o Governo está a trabalhar num “plano detalhado” para garantir a saída de civis EPA/HAITHAM IMAD
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O primeiro-ministro de Israel confirmou que as suas forças militares vão entrar em breve na cidade de Rafah, no extremo sul da Faixa de Gaza, último refúgio de centenas de milhares de palestinianos forçados a deslocarem-se no território ao longo dos últimos quatro meses.

A informação foi partilhada numa entrevista à cadeia norte-americana ABC, que será emitida este domingo e da qual foram já adiantados alguns excertos. "Vamos fazê-lo. Vamos acabar com os batalhões terroristas que restam em Rafah, que é o seu último bastião”, assegurou Benjamim Netanyahu.

O governante insistiu ainda que a população civil de Rafah tem de “abandonar” a zona, apesar de governos e ONG internacionais sublinharem que os palestinianos já não têm para onde ir no enclave.

"Vamos fazê-lo, enquanto abrimos caminho seguro à população para que saia”, indicou o primeiro-ministro, antes de assegurar que o Governo está a trabalhar num “plano detalhado” que incluirá decidir o destino dos cerca de milhão e meio de pessoas encurraladas em Rafah. “Parte do nosso esforço de guerra é impedir que os civis fiquem feridos. Parte do esforço de guerra do Hamas é que acabem assim”, declarou, numa altura em que o número de mortos confirmados em Gaza ultrapassou os 28 mil, a maioria civis (a 21 de Janeiro, Israel estimava ter morto 9000 combatentes do Hamas).

O Hamas, que governa a Faixa de Gaza, alertou para "uma catástrofe e um massacre que poderão resultar em dezenas de milhares" de mortos. A população da cidade, localizada perto da fronteira egípcia, mais do que quintuplicou nas últimas semanas, com a chegada de centenas de milhares de pessoas que fugiram da guerra noutras áreas.

Pelo menos 25 civis palestinianos morreram esta madrugada na sequência de um bombardeamento do exército israelita em Rafah, diz a agência Wafa. De acordo com a agência de notícias da Autoridade Palestiniana, a artilharia israelita atingiu uma casa que servia de abrigo na zona leste da cidade.

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Família palestiniana deslocada abrigada na fronteira com o Egipto, em Rafah, no sul da Faixa de Gaza MOHAMMED SALEM/reuters

Combates em Khan Yunis longe do fim

O Exército israelita prossegue, entretanto, a ofensiva contra o Hamas em Khan Yunis (a maior cidade do Sul do território, dez quilómetros a norte de Rafah), onde matou nas últimas horas pelo menos dois combatentes do grupo islamista e destruiu infra-estruturas usadas pelo Hamas, segundo um comunicado.

“As tropas do Exército continuam a eliminar terroristas e a realizar incursões selectivas no oeste de Khan Yunis. Ao mesmo tempo, as tropas levaram a cabo incursões selectivas no Centro e Norte de Gaza”, lê-se na declaração, segundo a qual as forças navais também atacaram vários objectivos, em apoio às tropas terrestres.

No oeste de Khan Yunis, principal bastião do Hamas no Sul de Gaza, o Exército israelita também atacou infra-estruturas do grupo palestiniano e descobriu quatro armazéns de armas.

Israel considera que os combates em Khan Yunis estão longe de terminar. O chefe do Estado Maior Forças de Defesa de Israel (IDF), o tenente general Herzi Halevi, visitou no sábado a cidade: "Ainda não terminámos os combates em Khan Yunis, estamos longe de os terminar e conduzimo-los, até agora, com grande êxito”, disse Halevi, citado noutro comunicado difundido durante a noite.

Segundo Halevi, o Exército matou em Khan Yunis cerca de 1200 combatentes palestinianos, em confrontos, e entre 1.200 a 1.300 em ataques aéreos.

“A Brigada (do Hamas) de Khan Yunis está a perder capacidades, o que é muito importante. Muitos comandantes foram assassinados, queremos eliminar mais e também mais comandantes de alta patente”, acrescentou o militar.

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