Abandono escolar sobe no pós-pandemia, ministério fala de anos atípicos

O Ministério da Educação decidiu apenas comparar a taxa de abandono registada em 2023 com a de 2020. Apesar de ter subido o ano passado, com esta comparação o caminho continua a ser de “redução”.

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Taxa de abandono escolar subiu aos 8% em 2023 Adriano Miranda
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Pela primeira vez desde 2017, a taxa de abandono precoce da educação e formação aumentou, em 2023, 1,5 pontos percentuais, chegando aos 8%. Esta taxa mede a percentagem de jovens que não concluíram o ensino secundário, nem se encontram a frequentar qualquer actividade de educação e formação.

Questionado pela Lusa, o Ministério da Educação (ME) apontou, nesta quinta-feira, que 2021 e 2022 foram "anos atípicos tanto no abandono escolar como nas taxas de sucesso", tendo ambos melhorado naqueles dois anos e "piorado no ano seguinte", ou seja, em 2023.

Em 2020, a taxa de abandono escolar precoce fixava-se nos 9,1%, tendo descido para os 6,7% em 2021 e para os 6,5% em 2022. No ano seguinte, em 2023, a tendência de redução inverteu-se com aquela taxa a subir para os referidos 8%.

Por isso, a tutela retira esses dois "anos atípicos" e opta por comparar 2023 com 2020 para concluir que "a tendência portuguesa se mantém", voltando a registar-se "uma redução anual da taxa de abandono escolar precoce de cerca de 1% a 1,5% por ano, superior à média europeia".

O gabinete do ministério da Educação referiu ainda que o Instituto Nacional de Estatística, que calcula esta taxa, teve de rever em alta os números de 2021 e 2022, "tendo em conta que o método de recolha, apenas por telefone, terá levado a uma subestimação do valor".

"A diversificação de percursos no ensino secundário e a detecção precoce de dificuldades, inerente às estratégias do Programa Nacional para a Promoção do Sucesso Escolar", levou a um aumento de alunos no ensino secundário, acrescenta o ME.

Na resposta à Lusa, o ministério salienta ainda que Portugal manteve níveis de abandono escolar precoce abaixo da média europeia e foi "um dos países que mais rapidamente reduziu esta taxa".

Os rapazes continuam a ter taxas muito superiores de abandono escolar quando comparadas com as raparigas, uma vez que quase um em cada dez deixa de estudar antes do tempo.

O Algarve continua a ser a região de Portugal continental com mais problemas, por oposição ao Norte do país, onde menos alunos deixam a escola precocemente.

Em 2016, 14% dos jovens portugueses deixavam de estudar antes do tempo, ou seja, o dobro dos números actuais registados no continente.

Em 2020 o abandono precoce chegou aos 8,9%, tendo ficado abaixo do objectivo traçado para esse ano e, pela primeira vez, abaixo da média europeia.

A União Europeia estabeleceu como meta para 2030 uma taxa de abandono escolar precoce abaixo dos 9%.

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