A Warner Music vai despedir 600 pessoas para se focar mais na música

Robert Kyncl, CEO daquela que é uma das três grandes editoras multinacionais, anunciou esta quarta-feira que quer poupar 200 milhões de dólares para investir mais em música ao longo da próxima década.

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A rapper Megan Thee Stallion ALLISON DINNER/epa
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Até Setembro deste ano, a Warner Music, ou Warner Music Group, conglomerado que é uma das três grandes editoras multinacionais e está no activo desde o final dos anos 1950, vai despedir 600 pessoas, aproximadamente 10% da força laboral da empresa. Na base estará uma poupança, alega a editora, de 200 milhões de euros até ao fim do ano fiscal de 2025, e o intuito é que o montante possa ser investido em música ao longo da próxima década.

Os primeiros afectados são os departamentos de media e vendas de publicidade do grupo – muitos trabalhadores começaram já a ser notificados. A notícia surge dias depois da cerimónia dos Grammy, prémios que decorreram no fim-de-semana e para os quais a Warner organizou uma festa. O anúncio foi feito esta quarta-feira por Robert Kyncl, o CEO do grupo desde 1 de Janeiro de 2023, num memorando enviado aos seus trabalhadores e que a The Hollywood Reporter publicou na íntegra.

As "escolhas difíceis" que o grupo se vê forçado a fazer, justifica Kyncl, visam "criar uma vantagem competitiva ao longo da próxima década", algo que "será feito aumentando o financiamento de artistas e escritores de canções, novas habilitações e tecnologia". O grupo irá "redobrar a aposta" no "negócio principal" e "aproveitar as oportunidades incríveis para a música no novo mundo", como se lê no memorando. "Descobrir e desenvolver artistas e escritores de canções está no coração de tudo o que fazemos. Vamos turbinar os nossos esforços e investimentos, com um foco adicional em geografias de alto crescimento e géneros vibrantes", continua.

A Warner Music está, por exemplo, a explorar "a potencial venda" dos sites de notícias e entretenimento Uproxx, que adquiriram em 2018, dedicados à cultura jovem, e HipHopDX, comprado em 2020 e, como o nome indica, versando sobre hip-hop. Outras partes do negócio que irão sendo encerradas são a rede de podcasts Interval Presents e a IMGN Media, uma startup de redes sociais que é pertença da Warner há quase quatro anos.

Não é uma questão de quebras de rendimento, percebe-se pelo texto do memorando. "Esta semana, a nossa presença perfaz cinco das top 10, e os nossos escritores de canções têm seis das top 10" canções na tabela do Billboard Hot 100. Com efeito, o número 1 cabe a Hiss, da rapper Megan Thee Stallion, que ainda na semana passada assinou um contrato de distribuição com a Warner, mesmo mantendo a independência, os masters e os direitos de publishing da sua música. Nesse mesmo parágrafo, o CEO revela que, no último trimestre, a empresa cresceu "11% em receita normalizada", e que teve, aliás, "a maior receita trimestral de todos os tempos". "Estamos numa posição de força, e é a altura inteligente para mudar, inovar e liderar", remata.

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