Televisões rejeitam troca de Montenegro por Nuno Melo nos debates com Livre e CDU

AD quer Nuno Melo nos debates com o Livre e a CDU e diz que o expressou logo na “primeira conversa com o representante dos canais”. RTP, TVI e SIC dizem-se surpreendidas e rejeitam a troca.

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A coligação da AD é composta por CDS-PP, PSD e PPM FERNANDO VELUDO
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A RTP, a TVI e a SIC mostraram-se esta quarta-feira surpreendidas com a intenção da Aliança Democrática (AD) de substituir Luís Montenegro (PSD) por Nuno Melo (CDS) nos debates televisivos e garantem que modelo proposto se mantém "nos exactos termos".

Foi com "alguma surpresa que as televisões tomaram nota da decisão da direcção de campanha da AD. Não pomos em causa as motivações da AD nem as qualidades do líder do CDS. Mas não podemos colocar em risco todo este processo", lê-se numa nota conjunta. Assim, o modelo proposto pelas televisões para os debates entre os candidatos a primeiro-ministro vai manter-se "nos exactos termos" em que foi colocado, o que a RTP, a TVI e a SIC esperam que "todos compreendam e valorizem".

O PCP, entretanto, acusou o líder do PSD de querer "fugir ao debate" com Paulo Raimundo, agendado para este sábado na RTP1.

Contactado pela Lusa, o director de campanha da AD, Pedro Esteves, refere numa declaração escrita que "a Aliança Democrática e o seu líder não têm medo de debater com ninguém". "Por isso, não recusaram nenhum dos debates propostos. Nem na televisão nem na rádio", acrescenta, numa alusão à recusa do secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, de um segundo frente-a-frente com Luís Montenegro nas rádios, além do debate televisivo já marcado para dia 19.

Porém, o director de campanha da AD esclarece que, "tal como acertado desde a primeira conversa com o representante dos canais de televisão, a coligação AD faz-se representar em todos os debates pelo presidente do PSD, com excepção daqueles que opõem a AD ao Livre e à CDU, onde a representação da coligação Aliança Democrática ficará a cargo do presidente do CDS, à semelhança do que aconteceu em 2015".

No comunicado divulgado esta quarta-feira, as televisões explicaram que a proposta de debates foi sempre dirigida aos líderes partidários com assento parlamentar, o que decorre de uma aceitação por parte da Comissão Nacional de Eleições (CNE) e da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC). A coligação AD para as legislativas antecipadas de 10 de Março é composta por PSD, CDS-PP e PPM, sendo que nem democratas-cristãos nem monárquicos conseguiram representação parlamentar na actual legislatura. A situação foi exposta aos partidos na mesma altura em que os convites foram endereçados.

Ainda assim, a 22 de Dezembro, o representante do PSD contactou as televisões a informar que a AD poderia decidir enviar o líder do CDS a alguns debates, tal como tinha acontecido em 2015. O representante das três televisões tomou nota desta vontade, "mas explicou que isso poderia levar a reacções de outros partidos, que inviabilizariam o modelo".

Para além disso, as televisões defendem não existir paralelo com 2015, uma vez que na altura o CDS tinha uma bancada parlamentar e o seu líder era vice-primeiro ministro. "No email que foi posteriormente enviado pelas televisões, os termos dos convites e dos debates ficaram perfeitamente explícitos, reforçados e aceites", vincaram.

Nas eleições de 2015, a coligação Portugal à Frente era composta por PSD e CDS-PP (ambos com assento parlamentar na legislatura anterior) e foi o presidente dos democratas-cristãos, Paulo Portas, a representar a PàF nos debates com a CDU (que respondeu enviando Heloísa Apolónia, do PEV, e não o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa) e com o BE, que foi feito pela coordenadora Catarina Martins.

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