Tristes trópicos

Ninguém dirá que Luís Montenegro tem tido muita sorte. Mas a verdade é que a sorte também se procura.

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1. Ninguém pode dizer que Luís Montenegro tem tido particular sorte neste seu difícil percurso como líder do PSD. Tardou a unir um partido tradicionalmente dado a traições e fraturas e que, sejamos claros, nunca verdadeiramente acreditou vê-lo na posição de líder no momento crucial das eleições legislativas. Na cabeça de boa parte das suas “elites” estava, aliás, destinado a ser um chefe provisório. Que isso pressupusesse refinados exercícios de hipocrisia e duplicidade, eis o que nunca as preocupou. Foi, também ele, surpreendido com as voltas do destino. Não estava – como não estava Pedro Nuno Santos – minimamente preparado para travar imediatamente o combate da sua vida. Deixou-se ainda enredar, durante tempo demais, na armadilha que o PS lhe lançou sobre o posicionamento estratégico do partido em relação a alianças à direita e em particular em relação ao Chega. Talvez em consequência de todos estes escolhos, foi-se limitando a ataques conjunturais aos casos do momento e pareceu sempre mais confortável na pele de líder de uma bancada parlamentar (que não tinha) do que no traje mais solene de candidato a primeiro-ministro. E foi sobretudo revelando dificuldade em articular uma visão do país alternativa à do PS que fosse simultaneamente credível, estruturada e mobilizadora.

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