Palcos da semana: de Glimmer ao GUIdance, com Porta-Jazz, Kulturfest e Cunha

A humanidade dança em Guimarães, o Rivoli enche-se de jazz, Rui Horta está com os Micro Audio Waves, nasce um festival (em) alemão e avista-se o 25 de Abril pela lente de Alfredo Cunha.

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Bantu, de Victor Hugo Pontes, abre o 13.º GUIdance - Festival Internacional de Dança Contemporânea Tuna/TNSJ
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25 de Abril de 1974, Quinta-feira revela-se numa exposição gratuita na Amadora Alfredo Cunha
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Glimmer volta a juntar Micro Audio Waves e Rui Horta João Duarte
,Carla Nowak
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O filme A Sala de Professores abre oficialmente o Kulturfest DR
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Tom Brunt’s Acoustic Space integra a comitiva do 14.º Porta-Jazz Natalia Chernyshova
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Um festival de humanidade

“A humanidade dança em Guimarães”. A garantia é do 13.º GUIdance - Festival Internacional de Dança Contemporânea, que acolhe a comitiva “mais internacional de sempre”, com um pé em África, outro na Ásia e, nas palavras do director artístico, Rui Torrinha, muita vontade de “vivenciar mundos surpreendentes e reveladores de contextos longínquos”.

É um desejo que se expressa logo na abertura, no encontro luso-moçambicano que é Bantu, de Victor Hugo Pontes. E que irá até Taiwan, ora com o Tjimur Dance Theatre a resgatar memórias indígenas de uma batalha esquecida em bulabulay mun?, ora com a Shimmering Production a dançar Beings – duas das estreias nacionais em cartaz. A outra é Universe: A Dark Crystal Odyssey, a “ode contemporânea à mudança” que marca o regresso de Wayne McGregor ao festival vimarense.

O lote de espectáculos fica completo com criações do moçambicano Panaibra Gabriel Canda (Time and Space: The Marrabenta Solos), do angolano Gio Lourenço (Boca Fala Tropa) e também de Piny (.G Rito), Gaya de Medeiros (Atlas da Boca), Diana Niepce (Anda, Diana) e Beatriz Valentim (O Que É Um Problema?, para famílias).

Naquela quinta-feira com Cunha

Quando o objectivo é testemunhar o que aconteceu no dia em que a liberdade voltou a passar por aqui – data que, 50 anos depois, volta a calhar a uma quinta-feira – é obrigatório regressar à objectiva do fotojornalista que esteve lá para encapsular o espírito da revolução: Alfredo Cunha.

Podemos folhear 25 de Abril de 1974, Quinta-feira, o livro que lançou em Novembro, ou percorrer essas mesmas memórias na exposição correspondente. Leva-nos a essa data, mas também ao pré e ao pós, com a cumplicidade dos textos de Carlos de Matos Gomes, Adelino Gomes e Fernando Rosas, e das gravuras de Vhils.

Da cumplicidade nasce o brilho

Glimmer nasce no exacto ponto em que os Micro Audio Waves se alinham com Rui Horta. Não é o primeiro encontro entre a banda e o coreógrafo. Já em 2009 tinham ensaiado juntos “um estranho objecto performativo” chamado Zoetrope.

Nessa altura, quiseram transportar as canções para um espectáculo sobre a ilusão de movimento. Agora, exploram “um futuro poético e fusional”, alimentado pelo optimismo de quem busca “o triunfo da luz face à opacidade”, em tempos desafiados pelas dúvidas, polarizações e inteligências alternativas.

É um híbrido a prometer “festa, tecnologia, música, dança e sobretudo muita poética e cumplicidade”, também com a participação da bailarina e coreógrafa Gaya de Medeiros e com figurinos assinados por Constança Entrudo. Estreia-se em Aveiro (enquanto Capital Europeia da Cultura) no mesmo dia em que o disco homónimo chega aos escaparates. Depois, segue em digressão pelo país.

Lisboa, sê alemã

Cinema, literatura, música, dança, aulas, actividades em família, festas e gastronomia de sabor germânico. Ou, numa só palavra, Kulturfest, nome de um novo festival lisboeta apostado em propagar as culturas de expressão alemã – neste caso, da Áustria, da Suíça, do Luxemburgo e, claro, da Alemanha.

O propósito cumpre-se, por exemplo, na exibição do filme de Ilker Çatak A Sala de Professores, nomeado para o Óscar de melhor filme internacional. Ou num concerto de Burnt Friedman com João Pais Filipe. Ou ainda em conversas influenciadas pelo centenário da morte de Kafka (uma delas com Dulce Maria Cardoso e João Borges da Cunha), efeméride que também motiva uma exposição de banda desenhada de Nicolas Mahler e um ciclo complementar na Cinemateca.

Também há festas de atmosfera berlinense, oficinas familiares em torno dos irmãos Grimm, mini-aulas de iniciação à língua, show cookings e viagens em realidade virtual, entre muitas outras propostas. O Kulturfest nasce em Lisboa, mas não fica pela capital: segue para Leiria (6 e 7 de Fevereiro), Porto (8 a 10), Lagos (14 e 15) e Funchal (22 a 25).

Num multiverso de jazz

Ainda há dias o Rivoli celebrava o 92.º aniversário e já está em preparativos para mais uma festa, desta vez noutro tom. Vem aí mais um Porta-Jazz. Promovido pela associação que lhe dá nome e funcionando como montra do selo Carimbo, ocupa a sala portuense com mais de uma centena de músicos de 13 nacionalidades, unidos por Um Multiverso de Jazz e Criação, o lema desta 14.ª edição.

Nesse “multiverso” cabem Hery Paz, Nate Wooley e Tom Rainey (em representação do centésimo registo do Carimbo, River Creatures), Alma Tree em modo Sonic Alchemy Suprema, o sexteto Axes de João Mortágua, as improvisações de Tom Ward, Nuno Trocado e Sérgio Tavares, a banda Tom Brunt’s Acoustic Space, o trio How Noisy Are the Rooms? ou a junção de Liudas Mockunas, Marc Ducret e Samuel Blaser, entre outros.

À margem dos concertos, há jam sessions, masterclasses e, pela primeira vez, Diversão/Improvisação num espectáculo para famílias.

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