Mãe de refém morto diz que o filho foi “envenenado” pelo Exército israelita num túnel de Gaza

Maya Sherman acusa as IDF de terem “assassinado” o filho, um soldado de 19 anos que foi sequestrado pelo Hamas, e faz comparações com as câmaras de gás da Alemanha nazi.

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IDF encontraram os corpos de três reféns num túnel do Hamas em Jabalya. Na imagem: um túnel perto do hospital Al-Shifa, em Gaza Reuters/RONEN ZVULUN
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Maya Sherman, mãe de um soldado israelita que foi sequestrado pelo Hamas, levado para a Faixa de Gaza e que morreu durante o cativeiro, acusou as Forças de Defesa de Israel (IDF) de terem “envenenado” o seu filho, fazendo comparações com as câmaras de gás utilizadas pela Alemanha nazi durante a II Guerra Mundial.

Na sequência de um comunicado publicado na quarta-feira pelas IDF, a dar conta de que não tinha sido possível apurar as causas da morte de Ron Sherman e de outros dois reféns mortos nas mesmas circunstâncias, Maya partilhou uma mensagem no Facebook a dizer que o filho, de 19 anos, foi “assassinado” por Israel num túnel do Hamas em Jabalya.

“Os resultados da investigação: Ron foi assassinado. Mas não pelo Hamas. Olhem na direcção de Auschwitz e dos chuveiros, mas sem os nazis e sem o Hamas (…) Não houve nenhum disparo acidental, não há relato, [foi] homicídio premeditado [e] bombardeamentos com gases venenosos”, acusou Maya Sherman, citada pelo Jerusalem Post.

“O Ron foi sequestrado por negligência criminosa de todos os altos funcionários do Exército e do maldito Governo que deu ordem para que o eliminassem, para poderem acertar contas com um terrorista qualquer de Jabalya”, atirou.

Segundo o Haaretz, as IDF informaram que, após realizadas as autópsias aos corpos de Ron Sherman, Nik Beizer e Elia Toledano, “não se pode negar ou confirmar, nesta fase, que foram mortos por estrangulamento, asfixia, envenenamento ou como resultado de um ataque das IDF ou de uma operação do Hamas”.

Os três corpos foram encontrados no dia 14 de Dezembro por uma brigada de reservistas e por uma unidade dos serviços secretos israelitas num túnel do movimento islamista palestiniano em Jabalya, perto do local onde, no mês anterior, as IDF tinham matado o comandante da Brigada Norte do Hamas, escreve o Haaretz.

Sherman e Beizer tinham ambos 19 anos e eram soldados. Aquando do ataque do Hamas contra Israel, no dia 7 de Outubro, foram sequestrados perto de uma base militar das IDF junto à passagem de Erez, na fronteira entre o território israelita e o enclave palestiniano. Toledano era civil, tinha 28 anos, e estava numa festa num kibbutz no Sul de Israel quando foi raptado.

Maya Sherman diz que o relatório médico referia que o seu filho “tinha vários dedos esmagados”, mas ironizou, na publicação que fez no Facebook, escrevendo que deve ter sido “por causa das tentativas desesperadas de sair da sepultura envenenada em que as IDF o enterraram”, enquanto “tentava respirar”. “Mas ele só respirou o veneno das IDF”, lamentou.

A mãe do refém morto, que partilhou uma fotografia do filho sobreposta por uma imagem de uma câmara de gás nazi, questionou ainda se a estratégia militar teria sido a mesma se os reféns do Hamas fossem familiares do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, do ministro da Defesa, Yoav Gallant, ou do chefe do Estado-Maior das IDF, Hertzi Halevi.

Também em Dezembro, três reféns que conseguiram fugir do Hamas e que hasteavam uma bandeira branca no momento em que foram alvejados foram identificados como “terroristas” e mortos por engano pelas IDF.

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