Cinco mais ricos do mundo mais do que duplicaram a fortuna desde 2020

Enquanto 60% da população do planeta perdia dinheiro, Musk, Arnault, Bezos, Ellison e Zuckerberg passavam a valer 794 mil milhões de euros. Oxfam diz que chegou a altura de taxar as grandes fortunas.

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Jeff Bezos é um dos cinco multimilionários que viram a sua fortuna crescer 114% JOE SKIPPER/Reuters
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Enquanto o mundo passava por uma pandemia e duas guerras de forte impacto negativo nas economias mundiais, com grandes efeitos no poder de compra da grande maioria da população, os multimilionários Elon Musk, Bernard Arnault, Jeff Bezos, Larry Ellison e Mark Zuckerberg ficavam ainda mais ricos. De acordo com a Oxfam, substancialmente mais ricos, já que a sua fortuna mais do que duplicou desde 2020.

Os cinco homens mais ricos do mundo passaram a valer em conjunto 869 mil milhões de dólares (cerca de 794 mil milhões de euros), afirma um relatório da organização não governamental britânica, intitulado Inequality Inc., publicado nesta segunda-feira para coincidir com a abertura do Fórum Económico Mundial, em Davos, na Suíça, reunião anual dos indivíduos, empresas e países mais endinheirados do planeta.

A desigualdade entre ricos e pobres cresceu substancialmente e o mais provável é que continue a crescer, ao ponto de, pelos cálculos da Oxfam, termos o primeiro bilionário (trilionário à americana) dentro de uma década. Ao mesmo tempo, o recuo no combate à pobreza foi tanto que ao ritmo actual serão precisos 229 anos para a erradicar.

Cruzando informação da Wealth X com a da Forbes, Musk, Arnault, Bezos, Ellison e Zuckerberg aumentaram a sua fortuna em 464 mil milhões de dólares (423,7 mil milhões de euros), ou seja, mais 114% do que tinham em 2020. Por contraste, 4,77 mil milhões de pessoas ou mais de 60% da população mundial perdeu 0,2% da sua riqueza nestes três anos.

O relatório citado pela imprensa britânica refere que para lá desses cinco, aos multimilionários no seu conjunto a vida correu-lhes muito bem neste tempo em que para o resto foram sobretudo más notícias. Os multimilionários do mundo estão hoje 3,3 biliões de dólares (3 biliões de euros) mais ricos do que em 2020, tendo a sua riqueza crescido a um ritmo três vezes superior ao da inflação.

Sete das dez maiores empresas do mundo são agora dirigidas ou o seu maior accionista é um multimilionário.

“Esta desigualdade não é um acidente, a classe dos multimilionários está a garantir que as empresas lhes proporcionem mais riqueza à custa dos demais”, disse o director executivo interino da Oxfam, Amitabh Behar, citado pela Reuters.

Segundo as estimativas, 148 grandes empresas obtiveram lucros de 1,8 biliões de dólares, o que representa um aumento de 52% em relação à média dos últimos três anos, permitindo distribuição de avultados dividendos aos seus accionistas, ao mesmo tempo que milhões e milhões de trabalhadores sofriam com o aumento de custo de vida, uma vez que a inflação levou a cortes salariais em termos reais.

Cerca de 800 milhões de trabalhadores viram como o seu salário não acompanhava a subida da inflação e perdiam dinheiro a um ritmo que equivale, em média, a um prejuízo equivalente a 25 dias de trabalho de rendimento anual, segundo os cálculos da Oxfam.

É por isso que a Oxfam pede aos governos que controlem o poder das empresas, pondo fim aos monopólios, impondo impostos aos lucros excessivos e às grandes fortunas e formas de os trabalhadores poderem participar no rumo das empresas, não deixando que sejam apenas os accionistas e os seus interesses a comandá-las.

“Aquilo que sabemos é que o actual sistema de capitalismo accionista extremo, onde os rendimentos dos cada vez maiores accionistas ricos são postos acima de todos os outros objectivos, está a impulsionar a desigualdade”, afirma Max Lawson, director de políticas de desigualdade da Oxfam, também citado pela Reuters.

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