Voluntários que limpam praias na Galiza não sabem onde deixar os pellets — então levam-nos para casa

O Azul foi em reportagem à costa galega, invadida por pequenas esferas de plástico, que têm sido retiradas nas praias por centenas de voluntários.

Dezena e meia de pessoas e estão de joelhos, curvadas, empenhadas numa só tarefa: identificar pequenas esferas de plástico e retirá-las, entre algas, conchas e detritos, da areia da praia de Madorra, em Nigrán. São voluntários que tentam, com as próprias mãos, combater uma nova uma crise ambiental na costa do norte de Espanha, mais de 20 anos depois do desastre do Prestige.

Estima-se que o navio, propriedade da Maersk, uma das maiores transportadoras do mundo, perdeu seis dos contentores que transportava, os quais continham mil sacos de 25 quilos, num total de 25 toneladas.

Nestes dias, entre as 16h e até ao pôr-do-sol, os voluntários, com luvas e munidos de baldes, pás e coadores, vão recolhendo o plástico. É um trabalho complexo, que exige paciência. Ali os plásticos opacos têm de ser separados dos restantes resíduos – entre os quais outras minúsculas bolas de esferovite que também poluem as praias - e de algas. 

Para quem mora na região, a explicação preocupa e o medo é real. “A Galiza vive da indústria pecuária, e se o peixe morre, a indústria morre também”, avisa Alba, uma das voluntárias a trabalhar na limpeza da praia da Madorra. A invasão dos pellets tem “impacto na fauna marinha e nós, indirectamente, também ficamos afectados”.