Maló de Abreu nega ida para o Chega. Montenegro desvaloriza saída de militante

O deputado social-democrata anunciou a saída do partido, ao fim de 40 anos de militância. Maló de Abreu nega que vá para outro partido e fala em “baixa política” por desacordo com direcção do PSD.

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Maló de Abreu foi eleito pela primeira vez em 2019 pelo círculo de Coimbra e em 2022 pelo círculo da Europa ANTÓNIO COTRIM
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Luís Montenegro, líder do PSD, não quis dar importância à saída do deputado social-democrata António Maló de Abreu do partido. Questionado pelos jornalistas numa visita aos Açores, Luís Montenegro insistiu que "o PSD está fortíssimo, empenhadíssimo e cheio de motivação" e rejeitou que, na base da saída de Maló de Abreu, esteja a sua liderança. "Não há nada irreconciliável comigo, não conheço os fundamentos", declarou.

Ao PÚBLICO, Maló de Abreu garantiu que não irá para outro partido, ao contrário do que chegou a ser anunciado, mas não escondeu desconforto com a actual direcção do PSD. "Não é verdade [que vá integrar integrar a lista do Chega]. Percebo que tentem agora menorizar as razões de facto da minha decisão de me desfiliar do PSD... É baixa política", declarou, descartando a hipótese de se candidatar enquanto candidato independente.

Para Luís Montenegro, a saída de Maló de Abreu, que durante 40 anos foi militante do PSD, é "normal". "Há algum drama? Não há drama nenhum. O PSD está unido, coeso e forte", declarou, sublinhando o périplo que tem feito pelo país no último ano, no âmbito da iniciativa Sentir Portugal. "Estou a três concelhos e duas ilhas de ter ido aos 308 concelhos do país", notou. "Não vou dizer que é um não-assunto, mas é uma decisão pessoal de uma pessoa e não interfere com o caminho de reaproximação do PSD com os portugueses", concluiu.

Já antes o líder parlamentar do PSD tinha rejeitado que as preocupações do ex-deputado social-democrata Maló de Abreu tenham sido negligenciadas pela bancada e recordou que foi até ele quem abriu um debate sobre saúde na semana passada.

De acordo com fontes presentes na reunião citadas pela agência Lusa, Joaquim Miranda Sarmento abordou o tema, de forma breve, no início da reunião da bancada do PSD. Maló de Abreu já não esteve presente na reunião e passou à qualidade de não-inscrito no que resta da legislatura. Segundo a agência Lusa, uma das explicações dadas por Maló de Abreu, que foi eleito pelo círculo da Europa, era a de que, apesar de vários pedidos seus, nunca foi agendado em plenário um debate sobre a situação das comunidades portuguesas.

Nesta quinta-feira, Joaquim Sarmento afirmou que o debate não chegou a ser agendado devido à dissolução do Parlamento e negou qualquer problema pessoal com o deputado, que, na qualidade de presidente da Comissão de Saúde, fez a abertura de um debate potestativo do PSD na passada sexta-feira, considerando até injustas algumas das críticas feitas.

Numa nota à agência Lusa, Maló de Abreu acrescentou que a sua saída acontecia porque, "fundamentalmente e verdadeiramente importante", não se revia, "de todo, na estratégia e na forma de se organizar o partido e de agir da sua direcção", não se revendo "nas suas propostas em áreas sensíveis da governação".

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