MP deduz acusação contra activistas do Climáximo que invadiram aeródromo de Tires

Activistas do movimento Climáximo invadiram em Dezembro o aeródromo de Tires em protesto contra as emissões de gases poluentes produzidas pelo sector da aviação de luxo.

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Membros do movimento Climáximo que protestaram em Dezembro junto a um jacto privado no aeródromo de Tires, em Cascais Climáximo
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O Ministério Público (MP) acusou os seis activistas da Climáximo que em Dezembro invadiram o aeródromo de Tires de cinco crimes, num processo em que os activistas respondem, entre outras acusações, por desobediência e dano qualificado.

"O Ministério Público deduziu acusação, sob a forma de processo abreviado, contra seis arguidos pela prática de um crime de introdução em lugar vedado ao público, um crime de atentado à segurança de transporte por ar, água ou caminho-de-ferro, um crime de dano qualificado, um crime de dano e um crime de desobediência", adiantou o Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Cascais em nota publicada esta quinta-feira na página oficial da Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa.

Segundo a acusação, os seis arguidos que a 6 de Dezembro invadiram o aeródromo de Tires e pintaram um jacto privado agiram "em conjugação de esforços e intentos" e "dirigiram-se ao Aeródromo Municipal de Cascais, com a intenção de aceder à zona reservada do aeródromo e lançar tinta vermelha numa qualquer aeronave que aí encontrassem, bem como acorrentarem-se à mesma".

Depois de acederem ao aeródromo, cortando uma vedação, dois dos arguidos acorrentaram-se ao trem de aterragem de um avião, tendo outro dos arguidos pintado com tinta vermelha a aeronave, descreve o MP na acusação.

"Perante a conduta dos arguidos foi accionada a PSP, a qual advertiu os arguidos que a sua conduta constituía diversos crimes, advertência que os arguidos ignoraram, declinando as ordens emanadas pelos agentes policiais. Em consequência da conduta dos arguidos a vedação ficou estragada e a aeronave, bem como o solo, ficaram desfigurados", lê-se na nota divulgada.

Os seis activistas do movimento ambientalista Climáximo invadiram o aeródromo de Tires em protesto contra as emissões de gases poluentes produzidas pelo sector da aviação de luxo, referindo, num comunicado divulgado no dia dos acontecimentos, "que uma viagem num jacto privado entre Londres e Nova Iorque "emite mais CO2 [dióxido de carbono] do que uma família portuguesa num ano inteiro".

"Estar aqui corta mais emissões do que qualquer escolha individual. Os donos do mundo culpam pessoas normais de forma ingrata pelos seus hábitos, quando na realidade esta é de longe a forma de transporte com mais emissões per capita, e é usada quase exclusivamente por ultra ricos", afirmou Noah Zino, do Climáximo, citado no comunicado.

A apresentação dos arguidos perante o Tribunal de Cascais iniciou-se ainda no dia dos acontecimentos que motivaram a acusação conhecida esta quinta-feira.

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