Papa apela à proibição universal da “deplorável” maternidade de substituição

Argumentos do Papa compreendem a possível exploração de dificuldades financeiras por parte das futuras grávidas, embora nem todas as formas de maternidade de substituição depreendam troca monetária.

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"Manifesto a minha esperança num esforço da comunidade internacional para proibir universalmente esta prática", disse o Papa nesta segunda-feira Nelson Garrido
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O Papa Francisco apelou nesta segunda-feira à proibição universal da maternidade de substituição, apelidando a prática de "comercialização" como "deplorável", mas também de uma grave violação da dignidade da mulher e da criança. Segundo o Papa, a vida do nascituro é uma dádiva, "nunca a base de um contrato comercial", pelo que deve ser protegida e não "suprimida ou transformada em objecto de tráfico".

"Considero deplorável a prática da chamada maternidade de substituição, que representa uma grave violação da dignidade da mulher e da criança, baseada na exploração de situações de necessidades materiais da mãe", afirmou. "Consequentemente, manifesto a minha esperança num esforço da comunidade internacional para proibir universalmente esta prática."

Francisco, de 87 anos, fez estes comentários num discurso de 45 minutos aos embaixadores acreditados junto da Santa Sé, chamado de discurso sobre o "estado do mundo".

Existem poucas estatísticas sobre o número de bebés nascidos através da maternidade de substituição. Devido a preocupações éticas, a prática é ilegal em muitos países do mundo, como a Espanha, bem como em alguns estados dos EUA.

Os críticos da prática alertam para o potencial benefício sobre um "preconceito de pobreza" das mulheres que se tornam mães de aluguer devido a necessidades financeiras. Mas o interesse continua a crescer à medida que mais mulheres optam por adiar a gravidez para uma fase mais avançada da vida, quando a fertilidade diminui, e à medida que mais casais do mesmo sexo procuram formas de constituir família.

Em Itália, o país que rodeia o Vaticano, a maternidade de substituição é ilegal e a coligação governamental de direita da Primeira-Ministra Giorgia Meloni quer aprovar no parlamento uma lei que puniria os casais que se deslocassem ao estrangeiro para realizar o procedimento.

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