Nove em cada dez brasileiros condena os acontecimentos do 8 de Janeiro

Mesmo entre os apoiantes de Bolsonaro inquiridos por uma sondagem, 85% condena os ataques às sedes dos Três Poderes em Brasília. No total, 47% acredita no envolvimento do ex-Presidente na invasão.

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Uma bandeira brasileira vista através de um vidro partido no 8 de Janeiro RICARDO MORAES/REUTERS

Um ano após os ataques golpistas de 8 de Janeiro contra os Três Poderes em Brasília, 89% reprovam as invasões e apenas 6% afirmam aprovar o que aconteceu. Havendo ainda 4% que não souberam ou não quiseram responder.

É o que diz uma sondagem realizada pela Quaest, divulgada este domingo pela Folha de S.Paulo. Foram realizadas 2012 entrevistas com brasileiros com 16 anos ou mais entre os dias 14 e 18 de Dezembro. A margem de erro corresponde a 2,2 pontos percentuais, para mais e para menos.

Na primeira sondagem realizada pela empresa, 94% desaprovavam a invasão golpista, 4% aprovavam e 2% não sabiam ou não queriam responder.

O patamar mantém-se alto em todas as regiões do Brasil, em todas as faixas de rendimento e de escolaridade. Entre os eleitores do actual Presidente brasileiro, Lula da Silva, 94% afirmaram desaprovar os ataques e 4% aprovar. Já entre os que votaram no ex-Presidente Jair Bolsonaro, 85% disseram estar contra o episódio e 11%, a favor.

A Quaest ainda perguntou se o ex-Presidente brasileiro teve algum tipo de influência no 8 de Janeiro e 47% responderam que sim, ante 43% que afirmam não ver influência. Os restantes 10% não souberam ou não quiseram responder.

Para 51% dos entrevistados para a sondagem, os participantes da invasão são radicais que não representam os eleitores de Bolsonaro, enquanto 37% acreditam que os golpistas representam realmente aquilo que são os apoiantes do ex-Presidente – 13% não souberam ou não quiseram responder.

O ex-Presidente brasileiro é investigado por alegado envolvimento nos ataques golpistas, seja como mentor intelectual ou como instigador. Para além do Supremo Tribunal Federal, que o incluiu em inquéritos sobre os actos, ele também é alvo de investigação da Polícia Federal.

Em outras frentes, a Comissão Parlamentar de Investigação (CPI) do 8 de Janeiro aprovou um relatório final pedindo o indiciamento do ex-Presidente e de outras 60 pessoas, incluindo cinco ex-ministros. O documento sugere quatro crimes: associação criminosa, violência política, abolição violenta do Estado democrático de direito e golpe de Estado.

O relatório chama Bolsonaro de "grande autor intelectual" dos ataques e diz que seria o maior beneficiário de um golpe. "O então Presidente tem responsabilidade directa, como mentor moral, por grande parte dos ataques perpetrados a todas as figuras republicanas que impusessem qualquer tipo de empecilho à sua empreitada golpista."

Exclusivo PÚBLICO/Folha de S.Paulo

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