Negócios de Trump receberam (pelo menos) 7,8 milhões de dólares de Estados estrangeiros — tudo enquanto Trump era ainda Presidente

Relatório diz que empresas receberam dinheiro de 20 governos estrangeiros, gasto em apartamentos e hotéis pertencentes ao então Presidente Trump. Na lista, está a China, Arábia Saudita e Turquia.

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Pouco tempo depois da eleição de Trump, em 2016, o Congresso já investigava um potencial conflito de interesses Reuters/SCOTT MORGAN

As empresas ligadas ao ex-Presidente dos Estados Unidos Donald Trump receberam pelo menos 7,8 milhões de dólares (quase 7,12 milhões de euros) em pagamentos oriundos de 20 governos estrangeiros. Segundo o relatado pelos investigadores democratas do Congresso nesta quinta-feira, as transacções foram feitas durante os quatro anos de Trump na Casa Branca (de 2017 a 2021).

O Comité de Supervisão da Câmara dos Representantes Democratas estima que os pagamentos detalhados no relatório de 156 páginas sejam apenas uma fracção dos pagamentos feitos a Trump e à sua família durante a respectiva administração. A lista de países inclui a China, a Arábia Saudita, a Turquia, a República Democrática do Congo e a Malásia.

“Esses países gastaram dinheiro — muitas das vezes, de forma generosa — em apartamentos e hotéis pertencentes às propriedades de Donald Trump — enriquecendo quem tomava decisões de política externa”, afirmam.

A campanha de Trump ainda não respondeu aos pedidos de comentário feitos pela Reuters.

Trump fez fortuna gerindo vários negócios antes das eleições que ganhou em 2016, mas, ao contrário do que sempre aconteceu nos Estados Unidos da América, não se desfez ou afastou dos negócios pessoais com o assumir das novas funções — em vez disso, deixou os seus filhos, já adultos, a geri-los.

Pouco tempo depois da eleição de Trump, em 2016, o Congresso já investigava um potencial conflito de interesses, à luz de possíveis violações da cláusula de emolumentos da Constituição dos EUA. Esta apenas permite a anuência de presentes de Estados estrangeiros por alguém que exerça um cargo electivo federal se aprovado pelo Congresso.

Esta investigação levou a uma longa disputa judicial, que terminou num acordo em 2022, altura em que a empresa de contabilidade de Trump começou a produzir os documentos solicitados. Quando os republicanos assumiram o controlo da Câmara dos Representantes, no início do ano passado, a comissão deixou de exigir a produção destes documentos pela empresa de contabilidade e um tribunal distrital pôs fim ao litígio.

Segundo os investigadores do Congresso, a empresa de contabilidade de Trump não forneceu documentos relativos a pelo menos 80% das entidades empresariais do ex-Presidente. O relatório aponta a quatro propriedades, menos de 1% das 558 entidades empresariais de que Trump era proprietário, directa ou indirectamente, enquanto Presidente.

A divulgação do relatório ocorre numa altura em que Trump procura recuperar a presidência nas eleições de 2024. Espera-se que Trump, o principal candidato a assegurar a nomeação republicana, enfrente o actual Presidente Joe Biden, numa repetição da campanha de 2020.

Os republicanos da Câmara dos Representantes montaram um inquérito de destituição contra Biden, centrado, sobretudo, no seu filho, Hunter. Estes alegam que Biden e a sua família lucraram indevidamente com as acções políticas (compreendidas entre 2009 e 2017) em que o então vice-presidente participou. Os republicanos também afirmam que o Departamento de Justiça interferiu com uma investigação sobre os impostos de Hunter Biden. Já a Casa Branca negou qualquer irregularidade.

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