Avião da Guarda Costeira sem autorização para entrar na pista, confirma Governo japonês

Contrariando o Governo japonês, o capitão do avião da Guarda Costeira e único sobrevivente dos seis tripulantes garantiu que o aparelho tinha autorização para entrar na pista.

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Destroços do avião consumido pelas chamas Reuters/ISSEI KATO

O avião da Guarda Costeira japonesa que colidiu com um avião comercial no aeroporto de Haneda, em Tóquio, na terça-feira, 2 de Janeiro, não tinha autorização para entrar na pista, disse nesta quinta-feira o Governo do Japão.

"Não havia nada na transcrição das comunicações que pudesse ser considerado como autorização para entrar na pista", afirmou o director-geral adjunto do Gabinete de Aviação Civil do Ministério dos Transportes japonês, Toshiyuki Onuma, citado pela agência de notícias Kyodo. Onuma referia-se às comunicações do controlo de voo divulgadas pelo Ministério dos Transportes do Japão.

No entanto, o capitão do avião da Guarda Costeira e único sobrevivente dos seis tripulantes disse que o aparelho tinha autorização para entrar na pista. Noutras declarações, terá indicado que o avião tinha recebido autorização para levantar voo.

Nos registos de comunicação entre os controladores de tráfego aéreo e a companhia do voo comercial, a Japan Airlines (JAL), também não há indicação de um atraso na aterragem, o que levou especialistas a sugerir ser possível que ambas as partes não tivessem conhecimento da presença de outro avião na pista.

De acordo com a estação pública NHK, o piloto da JAL disse à companhia não ter visto nenhum avião quando se aproximava da pista e que tinha recebido autorização dos controladores para aterrar.

O Ministério dos Transportes, através do seu Conselho de Segurança dos Transportes (JTSB), está a investigar o acidente ocorrido no aeroporto de Haneda, um dos aeroportos mais movimentados do país, depois de o voo comercial da JAL proveniente de Sapporo (Norte do Japão) ter colidido com o avião da Guarda Costeira na terça-feira.

O acidente ocorreu às 17h47 (9h47 em Lisboa) e desencadeou um incêndio nos dois aparelhos, obrigando à saída de emergência dos passageiros e da tripulação. Todos os 379 ocupantes do voo comercial conseguiram sair do aparelho com vida, mas 14 ficaram feridos. Dos seis ocupantes do avião da Guarda Costeira, apenas o comandante, que ficou gravemente ferido, escapou com vida.

O avião da Guarda Costeira estava a caminho para transportar alimentos e água para a zona afectada pelo forte sismo que atingiu a costa oeste do centro do Japão na segunda-feira.

A JAL estimou perdas de cerca de 15 mil milhões de ienes (cerca de 95,7 milhões de euros) no acidente, indicou a NHK.

A companhia aérea japonesa acrescentou que a perda do Airbus A350 será coberta pela seguradora e referiu estar a analisar o impacto do acidente nos resultados comerciais para este ano fiscal, que termina a 31 de Março, incluindo a redução das vendas devido ao cancelamento de voos e à indemnização dos passageiros envolvidos.

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