Marcelo destaca Odete Santos como uma das “deputadas mais carismáticas” da AR

Líder do PSD recorda “respeito intelectual e político únicos” nas “horas de trabalho legislativo” que partilhou com a militante do PCP. Governo recorda papel da deputada na legalização do aborto.

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Durante 27 anos como deputada, Odete Santos foi acérrima defensora dos direitos das mulheres LUSA/MIGUEL A. LOPES

O Presidente da República considera que Odete Santos, que faleceu esta quarta-feira aos 82 anos, “foi uma das deputadas mais carismáticas da Assembleia da República” e que foi “reconhecida por todas as bancadas pela coerência e coragem com que assumia posições bem como pela irreverência e energia com que defendia os valores em que acreditava”.

Numa nota divulgada no site da Presidência da República, Marcelo Rebelo de Sousa recorda que a ex-dirigente do PCP “exerceu o mandato [de deputada] durante 27 anos”, e que se empenhou “especialmente, na defesa das minorias, na protecção dos direitos humanos, dos trabalhadores e das mulheres”.

O chefe de Estado destaca ainda a dedicação de Odete Santos “com igual empenho à vida autárquica, à cultura (quer publicando livros, quer como actriz, levando ao teatro, para a verem actuar, personalidades de diferentes quadrantes políticos)”. A nota acrescenta ainda o papel da militante comunista na “resolução alternativa de litígios”, sublinhando “o importante papel que desempenhou nos Julgados de Paz”.

Por seu turno, o presidente da Assembleia da República recorda Odete Santos como uma "destacada deputada" em "várias legislaturas", deixando uma nota de condolências à sua família e ao grupo parlamentar do PCP” na rede social X (antigo Twitter).

Também o número três da hierarquia do Estado, o primeiro-ministro António Costa, recorreu ao X para recordar Odete Santos como uma "notável parlamentar", recordando-lhe o "humor".

"Neste momento de pesar recordo a competência, a acutilância e o humor de Odete Santos. Juntos discutimos e construímos, por exemplo, os Julgados de Paz. Uma saudosa e notável parlamentar que fica na memória", escreveu António Costa.

Na nota de pesar sobre a antiga deputada comunista, a ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, dá um testemunho pessoal, recordando com “orgulho” as batalhas em que teve a “sorte de a acompanhar” como a aprovação das uniões de facto a casais do mesmo sexo ou pelo direito à interrupção voluntária da gravidez”.

A governante assume ser “incontornável recordar” o “profundo contributo” da militante do PCP para a “construção da democracia” e o “brilhante papel que desempenhou enquanto deputada à Assembleia da República durante quase três décadas”.

Ana Catarina Mendes lembra Odete Santos “uma incansável lutadora, não só pelos direitos dos trabalhadores, como sobretudo pela igualdade de género e pelos direitos das mulheres em Portugal”.

Do espectro político oposto ao do PCP, o líder do PSD, Luís Montenegro, apresenta igualmente "sentidas condolências" à família de Odete Santos e ao partido e aproveitou para lembrar o fundamento da democracia. "Partilhei com ela centenas de horas de trabalho legislativo, carregadas de diferenças de opinião mas envolvidas num respeito intelectual e político únicos. A democracia é isso: convicção e tolerância", escreveu na rede social X.

Na direcção social-democrata, Paulo Rangel assume, na mesma rede social, que foi “com enorme pesar” que soube da morte de Odete Santos. “Fui seu colega na Assembleia da República. Para lá das diferenças ideológicas, recordo o seu indefectível humanismo e o amor à cultura portuguesa. Uma mulher forte, sensível, admirável. Sentidos pêsames à família e ao PCP”, escreveu o vice-presidente do PSD.

Em comunicado, Os Verdes, parceiro de coligação do PCP na construção da CDU, recordam Odete Santos como "uma das mulheres mais destacadas da vida política portuguesa".

Já o PS assinala o "seu papel de destaque" na construção do regime democrático português, assim como a sua inteligência e coragem.

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