Quem é o “Neil, the Seal” que se transformou numa atracção viral na Tasmânia?

O elefante marinho do sul é já companhia conhecida na Tasmânia, ilha australiana. Mas as autoridades locais estão preocupadas com o crescente convívio entre Neil e os seres humanos.

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A monitorização pelos cientistas é feita através de um dispositivo de localização que, segundo os mesmos, não altera parâmetros como peso, comportamento ou padrões de caça MATT MACDONALD

Entre os habitantes da Tasmânia, ilha australiana a sul da costa continental, já todos conhecem Neil, the Seal — mas o carinhoso apelido induz ao erro. Neil não é uma foca, mas um elefante marinho do sul (que além de preferirem áreas mais remotas, são maiores e mais robustos). O animal selvagem tem atraído cada vez mais atenção e as notícias sobre a sua interacção com as pessoas tornaram-no famoso. Tem uma conta no instagram com quase 100 mil seguidores.

Ao contrário dos machos adultos, Neil, com apenas três anos, ainda não apresenta a típica tromba dos elefantes marinhos, destinada à emissão de sons de dominância aquando da época de reprodução. Mas não é de hoje que as comunidades à volta de Hobart, capital do estado australiano, registam as visitas do animal — embora a monitorização oficial seja feita através de um dispositivo de localização que, de acordo com os cientistas responsáveis, não altera parâmetros como peso, comportamento ou padrões de caça.

Entre as peripécias documentadas destacam-se as recorrentes brincadeiras com os cones de trânsito. E apesar das esporádicas animosidades com cães e algumas pessoas, que, como relata o Departamento de Recursos Naturais e Ambiente da Tasmânia, não respeitam as recomendações de distância mínima, Neil é já parte da comunidade da ilha australiana — sendo até tópico de interesse entre quem lá passa. No instagram, a conta dedicada ao elefante marinho — inicialmente criada para o difundir de informações para os que com ele se cruzassem — já soma mais de 82 mil subscritores. Para evitar grandes aglomerações, a conta já não partilha a localização do animal em tempo real.

E mesmo que não seja invulgar virem a terra — os mamíferos marinhos afastam-se da água aquando da muda de pele, mudança que aumenta a sua vulnerabilidade entre os predadores — as autoridades locais estão preocupadas com o crescente convívio entre Neil e os seres humanos. Afinal, o animal é ainda jovem, mas os actuais 600 quilos poderão chegar aos 3000.

Ao The Guardian, Mary-Anne Lea, professora do Instituto de Estudos Marinhos e Antárcticos da Universidade da Tasmânia, recorda que, ao crescerem, “outros comportamentos naturais entram em acção, em conjunto com as hormonas”. A preocupação acresce-se se relembrados casos como o de Freya, morsa eutanasiada em Oslo, capital da Noruega, por alegada “ameaça à segurança humana”, ou do alce abatido nos Estados Unidos da América por estar a vaguear no aeroporto de Bradley, o mais movimentado do estado de Connecticut.

Especula-se que a mãe de Neil ter-se-á perdido, já que ele nasceu numa praia perto da cidade e não numa das colónias selvagens da região. Mas ao The New York Times, o ecologista McMahon reforça que a melhor hipótese seria o de encontro com um grupo com o qual Neil se pudesse reproduzir. Sem isto, “as perspectivas não parecem boas”.

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