Ucrânia adiciona líder da Igreja Ortodoxa Russa à lista de procurados pela Justiça

Serviços secretos ucranianos dizem que Cirilo “lesou a soberania” da Ucrânia. Trata-se, sobretudo, de uma medida simbólica para diminuir a influência da igreja no país invadido pela Rússia.

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Vladimir Putin, Presidente da Rússia, e Cirilo, líder da Igreja Ortodoxa Russa Reuters/SPUTNIK

O Ministério do Interior ucraniano adicionou na sexta-feira o líder da Igreja Ortodoxa Russa, um apoiante da invasão russa da Ucrânia, à lista de procurados pela Justiça, depois de os serviços secretos do país o terem acusado de instigar o conflito.

A medida é sobretudo simbólica – o patriarca Cirilo está na Rússia e não corre risco de ser detido –, mas faz parte da campanha das autoridades ucranianas para tentar pôr fim à influência dos padres que diz terem ligações próximas com o país invasor e que subvertem a sociedade ucraniana.

A publicação da lista de procurados por parte do ministério ucraniano identifica Cirilo pelo nome, exibe-o com vestes religiosas e descreve-o como “um indivíduo que se esconde dos organismos de investigação pré-julgamento”. E informa que está “desaparecido” desde o dia 11 de Novembro.

O cristianismo ortodoxo é a religião dominante na Ucrânia e as autoridades de Kiev têm lançado diversas acusações criminais contra padres que têm associações a um sector da Igreja Ortodoxa que, em tempos, estava directamente ligado à igreja russa e a Cirilo.

O Parlamento ucraniano está, inclusivamente, a avaliar uma proposta de lei que pretende proibir esse ramo da igreja, que perdeu muitos dos seus fiéis desde que o Presidente Vladimir Putin ordenou aos soldados russos que invadissem a Ucrânia, em Fevereiro do ano passado.

Em Maio desse ano, a igreja ucraniana assegurou, porém, que cortou todas suas ligações que tinha com Moscovo.

No mês passado, os serviços secretos da Ucrânia (SBU) publicaram um documento que dizia que Cirilo “lesou a soberania ucraniana” por causa da sua posição “enquanto parte integrante da entourage mais próxima da liderança militar e política da Rússia”.

O SBU desencadeou dezenas de processos criminais, que incluem acusações de traição, contra padres e representantes da igreja ligados ao ramo associado a Moscovo.

Cirilo, por sua vez, denunciou estes processos e tem pedido aos líderes religiosos de todo o mundo que travem as medidas das autoridades ucranianas contra a Igreja Ortodoxa.

Um membro da igreja russa disse à agência noticiosa RIA que adicionar o patriarca Cirilo à lista de procurados da Ucrânia é “uma medida tão ridícula como previsível”.

Vladimir Legoida, responsável pela associação com outras igrejas ortodoxas, afirmou que autoridades ucranianas são culpadas por “práticas ilegais e por tentativa de intimidação dos crentes”.

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