Greta Thunberg: acordo na COP28 é uma “facada nas costas”

Acordo “não tem força e não é suficiente para nos manter dentro do limite de 1,5 graus [de aquecimento]”, afirmou Greta Thunberg, dizendo que é como uma facada nas costas dos países mais vulneráveis.

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A activista climática Greta Thunberg no parlamento sueco nesta sexta-feira, 15 de Dezembro ILZE FILKS/REUTERS

O acordo climático da COP28 (a cimeira das Nações Unidas sobre o clima), alcançado com grande alarido nesta semana no Dubai, é uma punhalada nas costas das nações mais afectadas pelo aquecimento global e não vai impedir que as temperaturas subam para níveis mais críticos, afirmou a activista Greta Thunberg nesta sexta-feira.

Cerca de 200 países concordaram, na cimeira, em começar a reduzir o consumo global de combustíveis fósseis e a adoptar uma série de medidas, incluindo mais produção de energia limpa, para evitar os piores efeitos das alterações climáticas.

Mas os críticos afirmam que o acordo não impedirá que as temperaturas globais subam mais de 1,5 graus Celsius acima da média pré-industrial, o que, segundo os cientistas, provocará impactos catastróficos e irreversíveis, desde o derretimento das camadas de gelo até ao colapso das correntes oceânicas.

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A greve climática desta sexta-feira, em que Greta Thunberg participou ILZE FILKS/REUTERS

"Este texto não tem força nenhuma e não é nem de perto nem de longe suficiente para nos manter dentro do limite de 1,5 graus", disse Thunberg à Reuters, à porta do parlamento sueco, onde ela e outros manifestantes pediam justiça climática. "É uma facada nas costas dos mais vulneráveis".

A Aliança dos Pequenos Estados Insulares, que inclui os países mais afectados pelas alterações climáticas, como Fiji, Tuvalu e Kiribati, afirmou que o acordo está cheio de lacunas e é "incremental e não transformacional".

Thunberg, de 20 anos, tornou-se famosa como o rosto do activismo climático em 2018, depois de ter começado a organizar protestos semanais na Suécia, disse que o pacto não foi concebido para resolver a crise climática, mas como "um álibi" para os líderes mundiais que lhes permitiu ignorar o aquecimento global.

"Enquanto não tratarmos a crise climática como uma crise e enquanto os interesses dos lóbis continuarem a influenciar estes textos e estes processos, não vamos chegar a lado nenhum", afirmou.

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