Os ratos são mais empáticos do que pensas e gostam de estar perto de pessoas

Estudos recentes revelam que os roedores são sociáveis, inteligentes, conseguem compreender os estados emocionais de outros animais e até sobreviver depois de ingerirem veneno.

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Os ratos gostam de viver perto dos humanos, mas a relação não é correspondida — e é fácil perceber porquê. São associados à sujidade, propagam doenças, comem os resíduos alimentares que as pessoas deixam no lixo e até se infiltram dentro das casas para terem um abrigo.

Em parte, aproximam-se para sobreviverem, mas também o fazem porque são sociais e empáticos, explica Tobias Linné, professor de comunicação da Universidade de Lund, na Suécia, num artigo publicado no The Conversation

Na cidade sueca de Malmö, há roedores nos bancos de jardim, passeios, e até nos fios eléctricos dos carros e o mesmo acontece em Nova Iorque, mas nada disto é novidade. Na verdade, estes animais, nomeadamente as ratazanas, sempre seguiram os humanos e espalharam-se pelo mundo, primeiro no Norte da China e Mongólia e mais tarde na Europa, por volta do ano 1500 ou até mesmo antes, explica o investigador.

Segundo o professor, há vários estudos recentes que provam que os ratos estão longe de serem animais repugnantes, e os métodos que os humanos usam para acabar com a espécie chegam até a ser cruéis.

Uma investigação feita em 2011 na Universidade norte-americana de Chicago mostrou que os roedores se preocupam com outros da mesma espécie e partilham o mesmo estado emocional. Na experiência, um dos ratos estava solto e o outro preso numa gaiola. O primeiro libertava sempre o segundo mesmo que não fosse recompensado por isso. E quando recebia uma guloseima de chocolate em troca, guardava sempre uma parte para o animal que salvou.

A par disto, acrescentou Tobias Linné, quando um dos ratos via outro animal em perigo, as áreas do cérebro que eram activadas eram semelhantes às do cérebro humano que sentem dor e empatia.

Segundo o mesmo site, um outro estudo publicado em 2023, que também comparou as regiões do cérebro dos ratos que eram activadas em determinadas situações, concluiu que estes animais conseguem distinguir o passado do futuro, tendo em conta que conseguiam imaginar lugares e objectos que já viram.

Resistem ao veneno

O veneno é o método que os humanos mais utilizam para acabar com estes animais, mas nem sempre resulta. Com o tempo, alguns roedores desenvolveram uma resistência a estes químicos e sobrevivem depois de os comerem.

A par disto, os ratos são animais cautelosos e inteligentes e, sempre que provam um novo alimento, esperam para verem se ficam doentes antes de o voltarem a consumir.

Depois de todas estas descobertas, o professor espera que os humanos tenham uma atitude mais positiva sobre os ratos e que optem por estratégias mais éticas para se verem livres deles. Reduzir o desperdício alimentar e vedar o acesso ao lixo, defendeu, é um bom ponto de partida.

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