FC Porto venceu através da lei do maior esforço

Com jogadores ligados, intensos e esforçados, o FC Porto, a precisar de uma boa resposta, conseguiu vários minutos de domínio total sobre o Casa Pia, desequilibrando um jogo que se tornou fácil.

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FC Porto e Casa Pia em duelo EPA/MANUEL FERNANDO ARAUJO
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Neste domingo, o FC Porto teria de entrar em campo de “faca nos dentes”, obrigado que estava a reagir à imagem medíocre deixada na Taça da Liga. Como motivação adicional, entrou em campo já a saber do empate do Benfica e da derrota do Sporting. Estava, portanto, criado um cenário perfeito para uma entrada forte em jogo e para uma boa dinâmica com e sem bola. E assim foi.

Os “dragões” venceram o Casa Pia por 3-1, resultado que permite à equipa portista chegar aos 31 pontos na I Liga, os mesmos do Sporting, mais um do que o Benfica e mais dois do que o Sp. Braga.

E o triunfo fez-se não tanto de lances de golo uns atrás dos outros, mas sim de dinâmica e criatividade ofensivas até ao 1-0, conjugadas com intensidade sem bola própria de quem tinha algo a provar – o número de duelos ganhos (51-39) ajuda a entender a forma como se aplicou a lei do maior esforço.

Engodos entre linhas

O 3x4x3 do Casa Pia foi quase sempre um 5x4x1 muito pouco audaz, ainda que a equipa, ofensivamente nula, não apostasse num bloco demasiado baixo a defender.

Sabendo que a equipa lisboeta defende bastante a largura, talvez Sérgio Conceição tenha sido seduzido a abdicar de Galeno, jogador que precisa de mais espaço para desequilibrar. E em lado nenhum está escrito que o desequilíbrio, no futebol, é feito pelo drible. Com Pepê, Jaime e Taremi, o FC Porto tinha forma de desequilibrar pelos engodos posicionais.

A ideia era Taremi arrastar um dos centrais e Pepê e Jaime saírem do espaço lateral para criarem confusão entre linhas. Havia o risco de os "dragões" afunilarem demasiado o jogo, é certo, mas essa desvantagem era compensada pela largura de João Mendes e Sánchez, que não permitiam que o lateral/ala do Casa Pia apostasse apenas em defender a zona interior.

Aos 12’, no lance do 1-0, o Casa Pia apostou numa saída a três com o ala – e não com os três centrais, já que Vasco Fernandes se colocou na posição 6. Essa criatividade a construir deixou que o FC Porto pudesse pressionar em três contra três, obrigando Geraldes a bater longo, sem critério.

Com a defesa do Casa Pia descomposta por essa perda, Zé Pedro colocou um passe vertical na zona interior, onde estavam Jaime e Taremi a prender jogadores e Eustáquio a romper no espaço, antes de assistir Evanilson para um golo fácil.

Aos 28’, Taremi arrastou Varela para fora da sua posição e Evanilson rompeu no espaço – desenho já antigo e muito “batido” com Conceição. Mas houve uma nuance: a bola não entrou em Evanilson, mas sim em Taremi, vindo de trás para o espaço que o próprio tinha criado ao arrastar Varela. O engodo, bem criado, acabou com finalização de Pepê para defesa de Ricardo Batista.

Gestão

Estes engodos – com jogadores capazes entre linhas – conjugados com uma forte reacção à perda da bola dotavam o FC Porto de um total domínio territorial, só interrompido duas vezes, em dois erros individuais na zona defensiva que ofereceram ao Casa Pia jogadas perigosas caídas do céu – uma deu remate para defesa de Diogo Costa, outra deu queda de Clayton, que pedia vermelho para Pepe.

Aos 49’, um canto deu cabeceamento de Zé Pedro para o 2-0, num lance mal defendido pelo Casa Pia – algo que não é surpreendente, dado que os “gansos” são a equipa da I Liga mais frágil no jogo aéreo.

Um 2-0 nunca é um jogo fechado, mas, pelo que se passava no Dragão, era algo muito próximo disso. O Casa Pia mal conseguia fazer três passes seguidos – por falta de engenho para ligar o jogo aos atacantes, por parco apoio dado pelos médios aos jogadores da frente e também por muita intensidade portista na recuperação da bola.

É certo que houve dois golos (Pepe, aos 80', depois de ter ficado na área após um canto, e Fernando Andrade, aos 89', de penálti), mas, em geral, deu-se um jogo de gestão. Sabendo que tem Champions na próxima semana, o FC Porto não se prestou a grandes aventuras e controlou a partida com bola – foi um descanso activo.

Perderam os adeptos, que tiveram 40 minutos globalmente aborrecidos, mas ganhou o FC Porto – no resultado e na gestão física.

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