Prisão preventiva para português suspeito de tráfico de crianças brasileiras

Português foi detido no Brasil enquanto tentava trazer um recém-nascido para Portugal. Outro bebé já tinha sido trazido para o Porto, mas ainda não foi localizado. Homem fingiu ser o pai das crianças.

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Autoridades portuguesas e brasileiras estão em contacto para encontrar um bebé trazido para Portugal Oleksandr Ratushniak
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O cidadão português suspeito de tráfico internacional de crianças brasileiras encontra-se em prisão preventiva, confirmou à Lusa a Polícia Federal (PF) do Brasil, que está a “agir rapidamente” para encontrar um recém-nascido que estará na cidade do Porto.

“Está descartada a possibilidade de esse português ser efectivamente o pai dessas crianças. Ele efectivamente fez um registo falso perante o cartório”, afirmou, em conferência de imprensa, a coordenadora do Grupo de Repressão a Crimes Contra os Direitos Humanos da PF em Campinas, Estela Beraquet Costa.

As autoridades brasileiras estão em contacto com as autoridades portuguesas e estão a “agir rapidamente” para encontrar “a criança que se encontra possivelmente em Portugal, na cidade do Porto”, detalhou a delegada da Polícia Federal brasileira.

A investigação teve início no dia 30 de Novembro após uma denúncia junto do Ministério Público brasileiro de que um bebé recém-nascido na cidade de Valinhos, no estado de São Paulo, e que ainda se encontra no Hospital Santa Casa de Valinhos, tinha sido abandonado pela mãe e registado como filho do homem de nacionalidade portuguesa.

Em menos de um mês, o mesmo homem tinha registado outra recém-nascida, no mesmo hospital, como sua filha, estando esta alegadamente em Portugal. O português fez quatro viagens entre Brasil e Portugal, em 2015, 2021 e 2023, duas delas este ano.

“Foi na última saída do território nacional, em 24/10/2023, que o investigado levou uma recém-nascida para Portugal, com menos de um mês de vida, e, agora, retornou para o Brasil sem ela, possivelmente para ir buscar este outro bebé”, indicou a Polícia Federal brasileira.

Estela Beraquet Costa detalhou que o português, durante o interrogatório de hoje, afirmou que gostaria de ficar com as crianças, que queria adoptar em Portugal e não conseguiu, e, por isso, “buscou outro caminho”.

“Isso não é adopção, isso é tráfico internacional de crianças”, frisou a delegada da PF, detalhando que as mães ainda não foram localizadas, mas que uma é oriunda do Pará (estado no Norte do Brasil) e outra da cidade de São Paulo.

O cidadão português utilizou documentos falsos para conseguir a paternidade dos recém-nascidos, disse a PF, acrescentando que estão ainda a ser investigados um intermediário, as mães e os advogados das mães, “que formalizaram a guarda unilateral” para permitir que o cidadão português pudesse sair com as crianças.

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