Parlamento italiano aprova por unanimidade medidas contra violência de género
Medidas foram aprovadas na quarta-feira e servem de resposta ao crescente número de mulheres assassinadas no país. Suspeito de esfaquear Giulia Cecchettin, de 22 anos, ainda aguarda extradição.
O número de mulheres assassinadas em Itália não pára de subir. Segundo o Ministério do Interior do país, 106 mulheres foram mortas desde o início do ano. Em 55 dos casos, os culpados foram os actuais ou antigos parceiros. Perante os números crescentes de violência contra a mulher — e consequente indignação popular —, o Parlamento apostou, de forma unânime, na prevenção.
Entre as medidas aprovadas na quarta-feira está o reforço do uso de pulseira electrónica e da obrigatoriedade da distância mínima de aproximação, o aumento dos fundos para protecção das vítimas e o investimento em campanhas de sensibilização nas escolas. Para Eugenia Roccella, ministra da Família, Natalidade e Igualdade de Oportunidades, estas medidas “podem fazer a diferença entre a vida e a morte”.
O reacender do debate sobre violência de género no país foi desencadeado pelo assassinato de uma estudante universitária de 22 anos, a 11 de Novembro. A dias de terminar o curso, Giulia Cecchettin foi encontrada morta em Vigonovo, cidade perto de Veneza. Filippo Turetta, antigo namorado, é o principal suspeito do esfaqueamento. Por ter sido detido já no leste da Alemanha, Turetta aguarda extradição. De acordo com o ministro dos Negócios Estrangeiros italiano, Antonio Tajani, os países já entraram em acordo.
Na rede social X, Giorgia Meloni, primeira-ministra italiana, escreveu: “Cada mulher assassinada por ser ‘culpada’ de ser livre é uma aberração que não pode ser tolerada e que me leva a continuar o caminho percorrido para acabar com esta barbárie.”
Dados do Ministério do Interior italiano revelam que, no mesmo período de 2022, foram 51 as mulheres vítimas de femicídio, assassinatos relacionados com a violência de género. Já entre 2020 e 2021, há registo de 70 casos.
Itália foi um dos países a abster-se na ratificação da Convenção do Conselho da Europa para a Prevenção e o Combate à Violência contra as Mulheres e a Violência Doméstica, mais conhecida como Convenção de Istambul, na votação de Maio deste ano.
Texto editado por Pedro Sales Dias