Quase um ano depois, eléctrico 15 regressa à Rua da Prata e à Praça da Figueira

Ligação não parará na Praça de Figueira, terminando e começando mesmo ao lado, no fim da Rua da Prata. Os carros e autocarros estarão vedados nesta artéria. Bicicletas e trotinetas podem circular.

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O 15E voltará a circular na Praça do Comércio quase um ano após a interrupção naquela zona SR Sandra Ribeiro

A partir desta sexta-feira, a carreira de eléctrico 15 volta a circular entre o Cais do Sodré e a Praça da Figueira, passando pela Rua do Arsenal, Praça do Comércio e Rua da Prata. A circulação daquela linha, bem como das restantes carreiras de autocarros da Carris, e todo o restante trânsito automóvel foram cortados na Rua da Prata, a 16 de Dezembro de 2022, devido ao abatimento do piso naquele arruamento. Uma situação que, ficou a saber-se por uma avaliação feita na altura, se ficou a dever ao colapso de parte de um colector da rede de drenagem ali colocado na era pombalina. Tal situação obrigou à realização de profundos trabalhos de reparação, que só agora terminam.

O regresso dos eléctricos da linha 15E à Rua da Prata, onde efectua o troço derradeiro do percurso iniciado em Algés, pressupõe, todavia, uma alteração ao seu tradicional esquema de funcionamento. Em vez de fazer da Praça da Figueira o seu ponto de chegada e de partida, a carreira realizará a sua paragem terminal junto ao final da Rua da Prata. Logo de seguida, retoma o serviço seguindo pelo topo sul da Praça da Figueira, sem efectuar ali paragem, passando depois por Rua dos Fanqueiros, Praça do Comércio, Rua do Arsenal, seguindo então o restante percurso da carreira até ao terminal em Algés.

Mas esta não será a única, nem sequer a principal alteração. Essa tem que ver com a exclusão de toda a outra circulação viária, passando os eléctricos a ser os únicos veículos pesados a, de agora em diante, poderem circular na Rua da Prata. Em 20 de Setembro, e com as obras de reparação do colector ainda em curso, a Câmara Municipal de Lisboa anunciou que aquela artéria passaria a estar definitivamente encerrada à circulação automóvel, ficando reservada ao uso exclusivo dos eléctricos e das formas de mobilidade suave. Ou seja, apenas poderão, além do 15E, circular bicicletas, trotinetas e os peões.

Esta circulação de bicicletas e trotinetas far-se-á através de uma faixa, com três metros de largura, paralela à linha do eléctrico. Os passeios continuarão reservados ao uso exclusivo dos peões. Entre a Praça do Comércio e o cruzamento com a Rua de São Julião, será permitida também a circulação de autocarros e táxis. O resto da Rua da Prata será reservado aos eléctricos e às formas suaves de mobilidade.

As novidades sobre as mudanças no esquema de mobilidade da Rua da Prata foram avançadas, naquele dia, por Filipe Anacoreta Correia (CDS-PP), vice-presidente da autarquia, durante um evento inserido no âmbito da Semana Europeia da Mobilidade. Aludindo ao aproximar do final das obras, que contribuíram para uma forte quebra na actividade comercial na Rua da Prata, em declarações à Rádio Observador, o vereador disse então querer aproveitar a circunstância para fazer uma “experiência”, que poderá vir a ter fortes consequências na tipologia do esquema de circulação e na configuração do espaço público na Baixa.

“Queremos aproveitar este momento, para fazer também aí uma experiência, que não passará por retomar o trânsito dos carros, mas antes investir na acessibilidade pedonal e também na acessibilidade ciclável. Seria por aí que a ligação ao rio se faria, e preservando também o eléctrico na Rua da Prata, que é essencial para as linhas da Carris”, disse então o autarca, que detém o pelouro da Mobilidade na câmara da capital. “A minha aposta é que, daqui a um ano, possamos ter uma Rua da Prata muito mais dinâmica e rejuvenescida”, afirmou, frisando que a aposta na pedonalização e na mobilidade suave naquela rua está relacionada com a vontade de revitalizar a sua actividade comercial.

Na semana passada, ficou a saber-se que a Câmara Municipal de Lisboa (CML) vai avançar, nos próximos meses, com um concurso público internacional para a contratação de um sistema de videovigilância que permita controlar os automóveis que entram na zona central da cidade. A medida, dependente ainda da autorização definitiva da Comissão Nacional de Protecção de Dados (CNPD), permitirá à autarquia da capital pôr, finalmente, em prática as restrições à circulação dos veículos mais poluentes na área central, tal como definidas pelas Zonas de Emissões Reduzidas (ZER). Um sistema de controlo lançado em 2011, quando António Costa era presidente da autarquia, mas que, na verdade, nunca teve aplicação prática.

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