Insultos nas redes sociais terão precipitado agressões na AG do FC Porto: “Foi inevitável”

Reunião magna do FC Porto marcada por violência e intimidação. Claque portista diz que André-Villas Boas “deixou apoiantes órfãos” e reforça apoio a Pinto da Costa.

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Fernando Madureira, líder da claque dos Super Dragões LUSA/JOSÉ SENA GOULÃO
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Foi uma “página negra” na história do FC Porto. A noite desta segunda-feira deveria ter visto uma votação da alteração dos estatutos do clube, mas complicações logísticas e agressões entre sócios obrigaram ao adiamento dos trabalhos. Já esta terça-feira, André Villas-Boas criticou a desorganização e diz que decidiu sair por se fazer a contagem “a olhómetro”. Já Fernando Madureira, líder dos Super Dragões, acusa Villas-Boas de ter fugido, em declarações ao PÚBLICO.

“No dia anterior, Villas-Boas convocou os apoiantes dele [para a assembleia] dizendo que ia lá estar. Depois, para espanto deles, dá uma entrevista e foge para casa”, acusa Fernando Madureira. “Não é digno de um homem... Se ele pensa ser candidato, tem de dar a cara e estar com os apoiantes. Depois [o confronto físico] era inevitável”, considera o líder da claque portista, garantindo que, apesar dos ânimos exaltados, tentou travar algumas agressões físicas.

Minutos após o PÚBLICO recolher estas declarações, o treinador – e provável candidato às eleições portistas do próximo ano – abordou a assembleia geral na entrada para a Web Summit, em Lisboa, falando especificamente sobre o momento em que escolheu abandonar os trabalhos.

“A partir do momento em que uma assembleia geral está marcada para uma sala que leva 300 pessoas e estão lá 4000, a fazerem fila cá fora para tentarem entrar, e de repente mudamos para o Dragão Arena, como é que se quer que se faça a contagem daqueles sócios? Foi aí que decidi sair. Não há condições absolutamente nenhumas para proceder a uma assembleia onde se faz a contagem a olho, e a ‘olhómetro’, dos votos dos sócios”, criticou Villas-Boas, citado pelo jornal Record.

A assembleia deveria ter ocorrido num auditório no interior do Estádio do Dragão, mas o local foi alterado para o Dragão Arena já depois da hora inicialmente marcada, devido à expressiva afluência de sócios portistas. Nas redes sociais, vídeos de agressões e insultos no interior do pavilhão mostravam os momentos de tensão e intimidação vividos.

Nos depoimentos recolhidos pelo PÚBLICO junto de sócios presentes no interior do recinto, o dedo aponta unanimemente para elementos dos Super Dragões no momento de atribuir responsabilidades. Fernando Madureira cita quezílias pessoais na origem dos confrontos. “O que potenciou tudo isto foram as redes sociais. Hoje vivemos nesta era, o insulto é muito fácil através destes meios e percebi que houve uma certa caça às bruxas. Pessoas que insultavam outras nas redes sociais... Foi inevitável. Ainda tentei ‘apagar alguns fogos’, mas foi inevitável”, reitera.

A assembleia geral foi adiada para a próxima segunda-feira, 20 de Novembro. Fernando Madureira garante que os Super Dragões vão estar novamente presentes, reforçando o apoio a Jorge Nuno Pinto da Costa, presidente do FC Porto desde Abril de 1982. “André Villas-Boas tem todo o direito de se candidatar à presidência do FC Porto, sem dúvida. Mas nós, Super Dragões, não somos ingratos e vamos estar com o presidente até ao fim.”

Petição pede expulsão de Madureira

Depois dos incidentes de intimidação e violência vividos na passada segunda-feira, uma petição pública que pede a expulsão de sócio do líder dos Super Dragões, Fernando Madureira, reúne já mais de 11 mil assinaturas. Sendo certo que qualquer pessoa pode assinar esta petição – não sendo obrigatório ser-se adepto ou associado dos portistas, a ligação tem sido partilhado por vários adeptos "azuis e brancos" nas redes sociais.

O promotor da petição considera que Fernando Madureira tem prejudicado a imagem do clube, acusando-o de desrespeitar e injuriar "em várias ocasiões" os sócios portistas.

"O senhor Fernando Madureira tem sido recorrentemente associado a comportamentos e declarações que não condizem com os padrões éticos e morais que o Futebol Clube do Porto preconiza", pode ler-se na petição, considerando-se "essencial para a prosperidade e reputação do Futebol Clube do Porto" o afastamento do líder dos Super Dragões da condição de associado portista.

Notícia actualizada às 9h58 do dia 15 de Novembro: adicionada petição sobre expulsão de Fernando Madureira de sócio do clube

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