Ministro da Saúde vai estudar até onde pode ir na negociação com médicos

Sindicato Independente dos Médicos e Federação Nacional dos Médicos pediram que as negociações fossem retomadas e vão manter as greves já marcadas.

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Ministro da Saúde tinha declarado, no Parlamento, que as negociações com os sindicatos médicos iriam prosseguir, mas reunião foi posteriormente desmarcada LUSA/MIGUEL A. LOPES

O Governo vai estudar até onde pode ir nas negociações com os médicos, afirmou esta sexta-feira o ministro da Saúde, frisando, contudo, que o país não está em circunstâncias normais, referindo-se à actual crise política.

"Nós temos de avaliar em que condição é que cada opção política do Governo pode ser tomada, porque se é verdade que o Governo está em funções, não é menos verdade que não estamos em circunstâncias normais", afirmou Manuel Pizarro à margem da abertura do 32.º Congresso da Ordem dos Médicos Dentistas a decorrer em Matosinhos, no distrito do Porto.

E, por esse motivo, a negociação com os médicos exige "um estudo muito atento" do ponto de vista daquilo que é, não apenas a conformação legal, mas também a legitimidade política para que cada decisão seja tomada, frisou.

"Vamos estudar até onde é que podemos ir nessa matéria", acrescentou.

O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) anunciou que vai manter a greve ao trabalho extraordinário nos cuidados de saúde primários e pede a retoma das negociações com o Ministério da Saúde. Também a Federação Nacional dos Médicos (Fnam) pediu que fossem retomadas de imediato as negociações com o Ministério da Saúde.

Dizendo ter tomado "boa nota" dessa intenção dos sindicatos, Pizarro confessou não ter visto da parte do sindicato que decidiu manter a greve na próxima semana "nenhuma vontade de ele próprio se aproximar das posições do Ministério da Saúde" e desconvocar a greve face às actuais "circunstâncias muito especiais".

A última reunião entre o Ministério da Saúde e os sindicatos médicos estava marcada para a passada quarta-feira, mas foi cancelada na sequência da demissão do primeiro-ministro, António Costa.

Nesse dia, o ministro da Saúde tinha declarado no Parlamento que as negociações com os sindicatos médicos iriam prosseguir, afirmando que ainda não tinha perdido a esperança de chegar a um acordo com os médicos.

Portugal vai ter eleições legislativas antecipadas em 10 de Março de 2024, marcadas pelo Presidente da República, na sequência da demissão do primeiro-ministro, na terça-feira.

SNS é "o porto seguro" para os portugueses

Questionado sobre a situação do SNS, o ministro disse nunca ter escondido que o Serviço Nacional de Saúde tem dificuldades, mas lembrou que continua a ser "o porto seguro" para os portugueses.

"O Serviço Nacional de Saúde tem dificuldades que eu nunca escondi e que nunca desvalorizei, mas o Serviço Nacional de Saúde continua hoje, como sempre, a ser o porto seguro para os portugueses", afirmou Manuel Pizarro.

Reafirmando reconhecer os problemas e constrangimentos que existem no SNS, o governante considerou que o funcionamento em rede das instituições tem permitido até hoje colmatar essas dificuldades. "Continuaremos a trabalhar sempre para garantir que o SNS seja essa resposta às necessidades dos cidadãos", frisou.

Questionado ainda sobre eventuais constrangimentos nos serviços de urgência de ginecologia e obstetrícia do Centro Hospitalar Universitário de São João, no Porto, Pizarro salientou que aquela unidade hospitalar tem um serviço materno e uma maternidade de "altíssima diferenciação técnica".

"É um lugar muito seguro para as pessoas se dirigirem para poderem ter os seus filhos", concluiu.

Na terça-feira, o director clínico do Centro Hospitalar Universitário de São João, Roberto Roncon, revelou, em entrevista à Lusa, que no que se refere à especialidade de ginecologia e obstetrícia, mais especificamente na resposta às grávidas, pode vir a ser necessário recorrer a hospitais vizinhos.

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