Maria João Lopo de Carvalho cria história para a série Os Cinco, de Enid Blyton

Os Cinco e o Quadro Desaparecido chega esta semana às livrarias, numa edição Oficina do Livro. É uma história de mistério, em volta do desaparecimento de uma pintura de William Turner.

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A colecção Os Cinco já vendeu mais de 380 mil exemplares em Portugal DR
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Maria João Lopo de Carvalho DR

A escritora Maria João Lopo de Carvalho publica esta semana o livro Os Cinco e o Quadro Desaparecido, que dá continuidade à série de aventuras de Enid Blyton, com o aval da editora britânica que detém os direitos da autora.

Os Cinco é uma das mais conhecidas e bem-sucedidas séries literárias para crianças e jovens da autora britânica Enid Blyton (1897-1968), está publicada e traduzida em vários países e deu origem a outras histórias, com as mesmas personagens, escritas por diferentes autores noutros países, como Sarah Bosse (Alemanha) e Claude Voilier (França).

Esta série literária de aventuras, escrita por Blyton entre 1942 e 1963, tem agora continuidade em Portugal pela mão da autora Maria João Lopo de Carvalho, pela Oficina do Livro (grupo Leya), a editora que detém os direitos e publicou os 21 volumes da colecção.

Em declarações à agência Lusa, Maria João Lopo de Carvalho explicou que foi feito um acordo entre o grupo Leya e o grupo britânico Hachette para ter uma autorização e dar continuidade a Os Cinco, mediante algumas condicionantes, para manter a intemporalidade do tipo de narrativa e das personagens. "A casa oficial que detém os direitos da Enid Blyton mandou-me uma guideline de certos temas que não podemos abordar, não podemos falar de questões de racismo, sexuais, questões religiosas, bullying. Não podemos focar-nos nesses assuntos. Não me custa nada fazer um livro tal e qual como a Enid Blyton fazia sem tocar em temas que são mais sensíveis e com os quais concordo absolutamente", explicou Maria João Lopo de Carvalho.

Em Os Cinco e o Quadro Desaparecido, as famosas personagens criadas por Blyton – os adolescentes Júlio, David, Ana, Zé e o cão Tim – vão tentar resolver o mistério do desaparecimento de uma pintura de William Turner, durante as férias de Natal. "O que me interessa é criar a mesma atmosfera de aventura. [...] O que interessa, o fio condutor, é fazer com que os miúdos gostem de ler e criem o gosto pela leitura. Como é que isso se faz? Criando uma história emocionante, com as mesmas cinco personagens intemporais naquele mesmo cenário que a nós tanto nos motivava, e fazer com que os miúdos se prendam à leitura", sublinhou a autora portuguesa.

Um marco geracional

Maria João Lopo de Carvalho tem 61 anos, foi professora de Português e Inglês, criou uma escola de língua inglesa, trabalhou em publicidade na Câmara Municipal de Lisboa e tem mais de 70 livros publicados, entre obras para adultos e para os mais novos.

Além de Os Cinco e o Quadro Desaparecido, a autora ficará responsável por novas histórias na mesma colecção, embora não tenha indicado a cadência e regularidade de publicação. Segundo a Oficina do Livro, que publica Os Cinco desde 2011, a colecção já vendeu mais de 380 mil exemplares em Portugal. Há ainda uma colecção intitulada Os Mini Cinco, com histórias ilustradas para crianças, e adaptações em banda desenhada, somando mais de 200 mil exemplares, segundo contas partilhadas com a Lusa.

"Os Cinco foi um marco importantíssimo, falo por mim e pelas pessoas da minha geração, que nos iniciou à leitura, seguindo depois para obras muito mais complexas. Os Cinco foi um marco inquestionável e incontornável. [...] Pôr-me na pele da Enid Blyton, que era o meu ídolo na altura, é estranho; é uma enorme responsabilidade, é como se ela estivesse a espreitar por cima do ombro a ver se estou a fazer bem", disse Maria João Lopo de Carvalho.

Enid Blyton nasceu em Londres em 1897 e morreu em 1968, deixando cerca de 700 livros, resultado de uma prolífica produção literária consta que chegava a escrever diariamente cerca de 10 mil palavras.

Os Cinco, Os Sete, Noddy, O Colégio das Quatro Torres e as colecções O Mistério e As Gémeas que teve continuidade em Portugal com a escritora Sara Rodi são outras obras publicadas por Enid Blyton.

Esta extensa produção não afastou Enid Blyton das críticas de sexismo, racismo e outros simplismos e que levaram, por exemplo, a britânica BBC a não emitir a sua obra, por a considerar "de segunda" e "sem valor literário". O que a escritora portuguesa não concorda "é que se mudem os livros antigos da Enid Blyton porque fere sensibilidades": "Não concordo, está escrito, está feito, foi numa determinada altura e é uma obra de um autor".

Questionada pela Lusa, fonte da Oficina do Livro referiu que Os Cinco e o Quadro Desaparecido "poderá vir a ser traduzido e publicado noutros países", à semelhança do que aconteceu, por exemplo, com Mais Aventuras no Colégio de Santa Clara, da colecção As Gémeas, escrito por Sara Rodi.

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